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Animação 'Minios' prova que amarelinhos dependem do vilão

Animação ‘Minios’ prova que amarelinhos dependem do vilão Animação ‘Minios’ prova que amarelinhos dependem do vilão Animação ‘Minios’ prova que amarelinhos dependem do vilão Animação ‘Minios’ prova que amarelinhos dependem do vilão

São Paulo – Começa muuuuito bem – os 10 ou 15 minutos iniciais, que contam a gênese dos minions e sua vocação para o ‘mal’ – divertem. Termina legal, quando os serezinhos amarelos finalmente descobrem seu malvado favorito – o filme inteiro dedicado aos capangas de Gru é, na verdade, uma prequel, mostrando o que ocorre com eles antes do encontro com o vilão. O problema de Minions é o miolo. E também uma questão de conceito.

Minions veio somar-se a outra animação em cartaz – Divertida Mente, da Pixar. Inside Out (título original) tem as melhores qualidades que a própria Pixar andava negligenciando com o excesso de sequências que vinham dando o tom da produção do estúdio. Pete Docter, o Docter Pixar, novamente repõe o estúdio nos trilhos. Divertida Mente é o melhor filme da Pixar desde… Up/Altas Aventuras, que ele próprio dirigiu.

Uma sobre um velho (Up), outra sobre o que se passa na cabeça de uma menina (Inside Out) , essas animações da Pixar não apenas têm uma pegada ‘cabeça’. Lidam com temas profundos (tristeza, perda, finitude). São bem estruturadas e animadas. Possuem personagens cativantes. As crianças gostam, seus pais mais ainda. O problema é que, enquanto a Pixar prioriza a história e estabelece um arco dramático para satisfazer adultos e crianças, a série Meu Malvado Favorito prioriza o público mirim.

Basta ver Minions como fez o repórter, numa sessão da tarde de sábado – lotada de crianças. Elas morrem de rir com as maldades dos minions porque, mais que maldades, são trapalhadas. O começo conta como eles evoluíram do mar. Em terra firme, assumem sua vocação de lacaios de algum malvado e saem à sua procura. Só que são desastrados e a única coisa que fazem é eliminar os malvados que vão escolhendo. As mortes não implicam em perdas. São simples, ou robustas, diversões. O desfecho com o dinossauro chegou a ser aplaudido em cena aberta no PlayArte Marabá.

No miolo, porém, evidenciaram-se dois grandes problemas. 1) Os minions surgiram como coadjuvantes e como tal deveriam ter permanecido. 2) Como falam uma língua incompreensível, não dizem coisa com coisa e o humor repete-se nas mesmas piadas ‘físicas’ – nas mesmas trapalhadas? Na trama, os amarelinhos, destituídos de malvados a quem servir, caem no mundo (três deles) tentando suprir a lacuna. O ano é 1968, o que incrementa referências ao rock’n’roll. O trio descobre que há uma convenção de malvados em Orlando e é nela que se liga a Scarlet Overkill – Sandra Bullock nos EUA, Adriana ‘Carminha’ Esteves no Brasil. O plano de Scarlet de roubar a coroa da rainha da Inglaterra é o centro da trama.

Não apenas a vilã é meia-boca como os minions comedores de bananas ficam meio docinhos (e enjoados). O mal só triunfa nos minutos finais, e a chegada do malvado favorito provoca (ou provocou) nova onda de aplausos no Marabá.

Deu para salvar a sessão, mas foi pouco para fazer de Minions uma animação memorável. Meu Malvado Favorito, pelo menos, tinha a mãe do vilão, que roubava a cena. Se Scarlet tivesse metade de sua graça, a coisa teria funcionado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.