Cultura

Arquitetos do ES são contra dar nome de Sebastião Salgado ao Cais das Artes

Profissionais defendem manutenção do nome original ou homenagem ao autor do projeto arquitetônico

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Cais das Artes
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Após apresentação de proposta à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) para renomear o Cais das Artes, em Vitória, para Centro “Cultural Sebastião Salgado”, arquitetos do Estado se manifestaram contra a ideia.

Os profissionais sugerem que o nome do complexo cultural seja em homenagem ao arquiteto que planejou a obra – o renomado capixaba Paulo Mendes da Rocha (1928–2021) -, ou então que seja mantido o nome original do espaço.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Espírito Santo (AsBEA-ES), Heliomar Venâncio, o debate sobre o tema já ocorria internamente na entidade.

A associação solicitou uma audiência para debater sobre o possível nome e acredita que o deputado que apresentou o projeto, Alexandre Xambinho (Podemos), pode rever o projeto e ser favorável à homenagem ao autor do projeto arquitetônico.

Estamos tentando contato com o deputado que propôs o projeto de homenagem para entender se ele sabia dessas informações. Acreditamos que, talvez, ele tenha tomado a decisão no calor do momento. Assim que ele tiver ciência desse contexto, estamos confiantes de que vai abrir espaço para um novo projeto de lei, reconhecendo o arquiteto da obra, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Espírito Santo.

Além disso, Heliomar destaca a importância do reconhecimento de Paulo Mendes justamente por se tratar de um arquiteto premiado que cresceu no centro de Vitória e ainda não possui nenhuma obra com seu nome no Estado.

A última obra dele está justamente aqui, no Centro de Vitória. Paulo Mendes da Rocha conquistou os prêmios mais importantes da arquitetura mundial, incluindo o Leão de Ouro e o Pritzker, que é considerado o ‘Oscar da Arquitetura’. Ele tem diversas construções pelo mundo, mas aqui no Espírito Santo, essa é a primeira obra dele que está sendo concluída.

Manutenção do nome Cais das Artes

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES) também se manifestou sobre a proposta. Para o CAU, a denominação “Cais das Artes” deve ser preservada.

Segundo conselho, “o nome original carrega uma profunda carga simbólica, arquitetônica e cultural para o Espírito Santo” por se tratar da “última grande obra” de Paulo Mendes da Rocha.

A manutenção do nome original é, portanto, um gesto de respeito ao legado de um mestre da arquitetura brasileira, cuja obra já é referência internacional.

O nome, para o CAU, “dialoga diretamente com a geografia, a identidade urbana e histórica de Vitória”, visto que a palavra Cais remete à localização e a vista do complexo.

Além disso, reforça o conselho, Cais das Artes “reforça a vocação cultural do espaço”, visto que ele “foi concebido para ser um polo de referência para as artes no Estado, abrigando teatro, museu e espaços expositivos”.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Julia Camim

Editora de Política

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

Atuou como repórter de política nos veículos Estadão e A Gazeta. Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa, é formada no 13º Curso de Jornalismo Econômico do Estadão em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.