Andy Warhol, “32 Latas de Sopa Campbell's”, 1962. Museu de Arte Moderna de Nova York.
Andy Warhol, “32 Latas de Sopa Campbell's”, 1962. Museu de Arte Moderna de Nova York.

Desde o “Dia do Trabalho” até 30 de junho de 2025, está em exposição no Museu de Arte Brasileira da FAAP, na cidade de São Paulo, a mostra retrospectiva “Andy Warhol: Pop Art!”. Promovida pelo Instituto Totex, com curadoria de Amber Morgan, diretora de coleções do The Andy Warhol Museum e da brasileira Priscyla Gomes cobre diferentes fases do artista.

A Pop Art, surgiu por volta da década de 50 do século passado na Inglaterra, migrou para outros países da Europa e para as Américas se consolidando como uma tendência importante nos Estados Unidos a partir da década de 60.

Penso que a adoção desta tendência nos Estados Unidos foi mais perceptível do que em outros países por instaurar um diálogo acessível ao público em consonância com o “american way of life”, que definiu o estilo de vida americano no pós guerra como expressão da felicidade no qual o liberalismo, nacionalismo e o capitalismo, por meio do consumismo, promoviam a sensação de bem estar, mas não só por isto…

O consumo em massa, a publicidade e a arte

As vanguardas artísticas, durante as primeiras décadas do século XX, já haviam lançado as bases do modernismo e atingido uma certa estabilidade, ao mesmo tempo, cresciam as tendências mais complexas como a abstração e outras proposições experimentais que pareciam se distanciar cada vez mais do público.

O desenvolvimento americano após a Segunda Guerra Mundial, leva ao crescimento do consumo e à massificação, as forças impulsionadoras do consumo em massa são a publicidade e as estratégias de marketing que intensificam sua presença nos veiculados de comunicação tradicionais e passam a ocupar o Cinema e, principalmente, a Televisão.

A intensificação da publicidade em busca do consumo de bens, produtos e entretenimento são um campo temático e rico e em plena expansão.

Os artistas, ao perceberem isto, passam a utilizar elementos da publicidade, da televisão, do cinema, dos quadrinhos e dos produtos industrializados como matéria-prima para a produção artística.

Pode-se dizer que surgem duas vertentes nesta apropriação: uma conformada às condições de consumo e, neste sentido, aproveitando a onda consumista e um certo lugar-comum; outra buscando tecer uma reflexão crítica confrontando o consumismo desenfreado promovido pelo capitalismo. Embora, em certos momentos e casos, seja difícil distinguir uma da outra já que hipocrisia e ironia se confundem.

Personalidades como obra de arte

Bem, mas onde entra Andy Warhol neste contexto?

Como todo bom americano, Warhol é descendente de humildes imigrantes originários da atual Eslováquia.

Apesar das dificuldades na infância e adolescência, obteve formação de bacharel em Arte e se dedicou profissionalmente ao mercado editorial e publicitário, antes de se estabilizar como artista. A meu ver, estas duas atividades definiram seu percurso na Arte.

As condicionantes da Pop Art, acima indicadas, levava os artistas a tematizarem os produtos, bens e efeitos do mercado, mas o que distingue Andy Warhol dos demais é justamente sua visão integrada do ambiente artístico e mercantil.

Isto se revela nas interações que estabelece entre consumismo e culto às celebridades recorrendo ao uso de imagens de ídolos da cultura popular como Marilyn Monroe, Elvis Presley, Michael Jackson entre outros e marcas de bens e produtos de consumo industrializados como a sopa Campbell´s e Coca-Cola como foco de seus trabalhos.

Dar às personalidades e produtos status, tanto de obra de arte quanto de mercadoria, instaura uma nova tendência na produção artística.

Rompe com a tradição estética vigente que distanciava a Arte do popular criando conexões híbridas e sincréticas aliando técnicas, tecnologias, processos de produção e distribuição que se assemelham a linhas de produção industrial.

A criação de seu estúdio “The Factory”, um ambiente mais colaborativo cujas propostas recorrem a técnicas e a processos fotomecânicos como a serigrafia, normalmente destinadas a reprodução para a criação de obras seriadas, que se tornam mais compreensíveis e acessíveis ao público.

A Pop Art e a produção Warholniana representam uma virada entre o Moderno e o Pós-moderno, faz com que o surgimento de novos paradigmas contribua para o percurso da Arte nas últimas décadas do século XX e delineie tendências que permanecem no contexto da Arte Contemporânea.

Quem puder ver ao vivo vá, é um ótimo programa cultural e, com certeza, um bom momento para melhorar a compreensão da Arte atual.

Isaac Antônio Camargo

Colunista

Professor, artista e pesquisador, graduado na Licenciatura em Desenho e Plástica, Mestrado em Educação, Doutorado em Comunicação e Semiótica. Atua no ensino no campo da Arte desde 1973, atualmente como professor associado nos cursos de Artes Visuais da UFMS. Desenvolve várias atividades de produção artística participando de mostras e como curador na produção de eventos. Realiza pesquisas sobre e em Arte Visual. Mantém o site www.artevisualensino.com.br destinado ao apoio de atividades didático/pedagógicas e difusão em Arte Visual.

Professor, artista e pesquisador, graduado na Licenciatura em Desenho e Plástica, Mestrado em Educação, Doutorado em Comunicação e Semiótica. Atua no ensino no campo da Arte desde 1973, atualmente como professor associado nos cursos de Artes Visuais da UFMS. Desenvolve várias atividades de produção artística participando de mostras e como curador na produção de eventos. Realiza pesquisas sobre e em Arte Visual. Mantém o site www.artevisualensino.com.br destinado ao apoio de atividades didático/pedagógicas e difusão em Arte Visual.