Desde o “Dia do Trabalho” até 30 de junho de 2025, está em exposição no Museu de Arte Brasileira da FAAP, na cidade de São Paulo, a mostra retrospectiva “Andy Warhol: Pop Art!”. Promovida pelo Instituto Totex, com curadoria de Amber Morgan, diretora de coleções do The Andy Warhol Museum e da brasileira Priscyla Gomes cobre diferentes fases do artista.
A Pop Art, surgiu por volta da década de 50 do século passado na Inglaterra, migrou para outros países da Europa e para as Américas se consolidando como uma tendência importante nos Estados Unidos a partir da década de 60.
Penso que a adoção desta tendência nos Estados Unidos foi mais perceptível do que em outros países por instaurar um diálogo acessível ao público em consonância com o “american way of life”, que definiu o estilo de vida americano no pós guerra como expressão da felicidade no qual o liberalismo, nacionalismo e o capitalismo, por meio do consumismo, promoviam a sensação de bem estar, mas não só por isto…
O consumo em massa, a publicidade e a arte
As vanguardas artísticas, durante as primeiras décadas do século XX, já haviam lançado as bases do modernismo e atingido uma certa estabilidade, ao mesmo tempo, cresciam as tendências mais complexas como a abstração e outras proposições experimentais que pareciam se distanciar cada vez mais do público.
O desenvolvimento americano após a Segunda Guerra Mundial, leva ao crescimento do consumo e à massificação, as forças impulsionadoras do consumo em massa são a publicidade e as estratégias de marketing que intensificam sua presença nos veiculados de comunicação tradicionais e passam a ocupar o Cinema e, principalmente, a Televisão.
A intensificação da publicidade em busca do consumo de bens, produtos e entretenimento são um campo temático e rico e em plena expansão.
Os artistas, ao perceberem isto, passam a utilizar elementos da publicidade, da televisão, do cinema, dos quadrinhos e dos produtos industrializados como matéria-prima para a produção artística.
Pode-se dizer que surgem duas vertentes nesta apropriação: uma conformada às condições de consumo e, neste sentido, aproveitando a onda consumista e um certo lugar-comum; outra buscando tecer uma reflexão crítica confrontando o consumismo desenfreado promovido pelo capitalismo. Embora, em certos momentos e casos, seja difícil distinguir uma da outra já que hipocrisia e ironia se confundem.
Personalidades como obra de arte
Bem, mas onde entra Andy Warhol neste contexto?
Como todo bom americano, Warhol é descendente de humildes imigrantes originários da atual Eslováquia.
Apesar das dificuldades na infância e adolescência, obteve formação de bacharel em Arte e se dedicou profissionalmente ao mercado editorial e publicitário, antes de se estabilizar como artista. A meu ver, estas duas atividades definiram seu percurso na Arte.
As condicionantes da Pop Art, acima indicadas, levava os artistas a tematizarem os produtos, bens e efeitos do mercado, mas o que distingue Andy Warhol dos demais é justamente sua visão integrada do ambiente artístico e mercantil.
Isto se revela nas interações que estabelece entre consumismo e culto às celebridades recorrendo ao uso de imagens de ídolos da cultura popular como Marilyn Monroe, Elvis Presley, Michael Jackson entre outros e marcas de bens e produtos de consumo industrializados como a sopa Campbell´s e Coca-Cola como foco de seus trabalhos.
Dar às personalidades e produtos status, tanto de obra de arte quanto de mercadoria, instaura uma nova tendência na produção artística.
Rompe com a tradição estética vigente que distanciava a Arte do popular criando conexões híbridas e sincréticas aliando técnicas, tecnologias, processos de produção e distribuição que se assemelham a linhas de produção industrial.
A criação de seu estúdio “The Factory”, um ambiente mais colaborativo cujas propostas recorrem a técnicas e a processos fotomecânicos como a serigrafia, normalmente destinadas a reprodução para a criação de obras seriadas, que se tornam mais compreensíveis e acessíveis ao público.
A Pop Art e a produção Warholniana representam uma virada entre o Moderno e o Pós-moderno, faz com que o surgimento de novos paradigmas contribua para o percurso da Arte nas últimas décadas do século XX e delineie tendências que permanecem no contexto da Arte Contemporânea.
Quem puder ver ao vivo vá, é um ótimo programa cultural e, com certeza, um bom momento para melhorar a compreensão da Arte atual.