De 10 a 14 de setembro a cidade do Rio de Janeiro se transforma em um dos principais pontos de encontro do mercado e da produção artística no Brasil. A ArtRio 2025 celebra 15 anos nesta edição e consolida-se mais como uma feira que equilibra a força do mercado com o frescor das pesquisas artísticas contemporâneas, trazendo galerias nacionais e internacionais, colecionadores, artistas e curadores para um mesmo espaço.
Dividida em pavilhões temáticos, a feira contempla a seção Panorama, dedicada às grandes galerias com atuação consolidada. O pavilhão MAR, traz programas como o SOLO_DUO, com galerias com projetos desenvolvidos por um ou dois artistas, sob curadoria de Ademar Brito, e também o BRASIL CONTEMPORÂNEO, que reúne artistas cujas práticas privilegiam tecnologias manuais, com curadoria de Paula Borghi.
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Para aproveitar a paisagem da Marina da Glória para a Baía de Guanabara, o JARDIM DE ESCULTURAS é dedicado à exposição de obras tridimensionais de grandes dimensões das galerias participantes dos programas da feira, sob curadoria de Christiane Laclau. Já o programa MIRA de videoarte tem a curadoria da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Este ano, a feira consolida uma importante iniciativa, o programa EXPANSÃO, que se dedica à valorização e apoio às instituições que desenvolvem trabalhos que tem a arte como vetor de inclusão e transformação social.
A programação paralela da ArtRio também tem um lugar importante: conversas entre o poder público, artistas e colecionadores, lançamentos de livros e visitas mediadas que aproximam o público das práticas artísticas atuais.
Em um cenário de rápidas transformações, a feira se reafirma como um espaço para pensar o papel da arte, suas relações com a sociedade e as urgências do presente.
Muito embora as feiras de arte tenham se tornado espaços concorridos — em geral superlotados, com grandes distâncias a percorrer entre pavilhões e um volume de obras e programações que muitas vezes dispersam a atenção —, a ArtRio busca amenizar esse padrão.
O evento se beneficia de seus espaços a céu aberto, tendo como cenário a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar, além da atmosfera do Rio, que confere leveza e singularidade à experiência.
Para o Espírito Santo, a edição de 2025 marca um momento histórico: durante a feira foi assinado o contrato de licenciamento da obra Magic Square #5, do artista Hélio Oiticica, para ser instalada ainda este ano no Parque Cultural da Casa do Governador, em Vitória.
Esse gesto traz ao estado não apenas uma obra icônica de um dos nomes mais importantes da arte brasileira, mas também um marco simbólico na consolidação de políticas culturais que conectam o Espírito Santo ao circuito nacional e internacional da arte.
Mais do que um espaço de mercado, a ArtRio revela também os limites e desafios do sistema da arte no Brasil: a concentração de recursos, a disputa por visibilidade e a necessidade de descentralização.
Nesse contexto, a assinatura do licenciamento da obra Magic Square, de Hélio Oiticica, para o Parque Cultural da Casa do Governador, em Vitória, é um gesto relevante. Ele aponta para a urgência de ampliar os acessos e de inserir o Espírito Santo em uma rede de articulações que, até aqui, tem privilegiado apenas os grandes centros.
Colunista
Advogada em Propriedade Intelectual. Mestre em Artes Visuais pela UFES. Curadora de arte. Diretora Artística na Galeria Matias Brotas. Membro da Comissão Especial de Propriedade Intelectual da OAB/ES e da OAB Federal. Idealizadora do podcast Conversa com Artista. Pesquisadora das relações entre direito e arte, sobretudo no que tange à autoria.
