O Centro de Artes da UFES, por meio da Galeria Arte e Pesquisa (GAP), inaugura a exposição “Arte Africana: Máscaras e Esculturas”, a partir de 14 de agosto de 2025. Trata-se de uma amostra significativa do acervo da Coleção África da Editora BEI, que engloba a cultura material de diversos povos e grupos culturais que compõem o continente africano. A curadoria é de Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim, Renato Araújo da Silva e Danilo Garcia, este responsável pelo projeto expográfico e produção executiva.
A exposição se inicia em 14 de agosto e permanece aberta à visitação pública até 17 de outubro de 2025. A abertura é constituída de dois momentos: inicialmente, uma palestra proferida pelo arqueólogo Dr. Renato Araújo da Silva acontece a partir de 17h, no auditório do Cine Metrópolis; em seguida, a partir de 18h, o público poderá ver, na GAP, a exposição dos objetos que compõem a mostra.
O acervo da Coleção África conta hoje com quase 700 peças; seu ponto de partida deu-se no início do século XXI, mais ou menos quando diversas imagens, procedimentos e termos respectivos às tecnologias avançadas eram rapidamente absorvidos por nosso léxico, hábito e imaginário coletivo.
Densidades temporais em diálogo
Um destes aspectos, o encurtamento das distâncias e dos tempos promovido pela experiência no espaço virtual. Em altíssima velocidade, fundem-se os tempos de produção e transmissão de dados que rearticulam nosso “aqui-agora” para quaisquer coordenadas espaço-temporais. Isto nos fornece uma sensação de ubiquidade. O deslocamento, que “pela onda luminosa leva o tempo de um raio”, é afim ao movimento veloz e certeiro do corpo de Rosa para que seu balaio não escorregue, na letra-poema de Gilberto Gil.
De outro lado, há a densidade temporal expressa em cada uma das peças da coleção de máscaras, esculturas e objetos cotidianos de origem africana. A pátina de fazeres e saberes compõe o passado destas peças e transmite algo que ainda não percebemos, tampouco sabemos; ainda em trânsito, o que nos chega são fragmentos de sentido. Gil também se refere a essa vivência do antigo: a dimensão gigantesca do planeta apequenava o mundo. O distante era imaginado. A eternidade existia na experiência da distância. Mesmo o perto, ele era possível “só quando dava”. O compositor baiano traduziu muito bem a complexidade das experiências contemporâneas dos espaços-tempos.
Sendo assim, duas viagens distintas aconteciam sincronicamente: tanto o contato/conhecimento de uma cultura fornecido pela “navegação” na internet, quanto a espessura crescente da relação espaço-tempo dando-se nas viagens, desvios, esperas, adaptações e outros procedimentos técnico-jurídicos na composição e organização de uma coleção de objetos da cultura material africana.
Serviço:
Arte Africana: Máscaras e Esculturas
14 de Agosto às 18h na GAP – Galeria de Arte e Pesquisa da UFES
Aberto à visitação até 17 de Outubro ed 2025.