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Artistas se dividem sobre novas regras na arrecadação de direitos autorais

Artistas se dividem sobre novas regras na arrecadação de direitos autorais Artistas se dividem sobre novas regras na arrecadação de direitos autorais Artistas se dividem sobre novas regras na arrecadação de direitos autorais Artistas se dividem sobre novas regras na arrecadação de direitos autorais

São Paulo – A presidente Dilma Rousseff assinou o decreto 8.469 para regulamentar as novas regras para cobrança, arrecadação e distribuição dos recursos decorrentes de direitos autorais na produção musical, previstas na Lei 12.853, de 2013.

A luta pelas mudanças foi bandeira naquele ano do então grupo, hoje associação, Procure Saber (APS). O coletivo tem como presidente a empresária Paula Lavigne e, dentre seus associados, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Chico Buarque e Milton Nascimento. Paula comentou a assinatura de Dilma ao jornal O Estado de S.Paulo com o seguinte e-mail: “Nós na APS acreditamos que com a assinatura do decreto 8.469 pela presidente Dilma Rousseff, a arrecadação e distribuição de direitos autorais no Brasil terá finalmente transparência, principal foco de nossa luta. Esta lei é uma conquista de todos, que uniu toda uma classe em prol do direito do autor, hoje tão demonizado no mundo do digital. A aprovação da lei 12.853/2013 e agora sua sanção são uma importante ferramenta para que os criadores sejam valorizados e pagos como merecem.”

Mas há discordâncias na classe artística sobretudo com relação ao órgão que será criado dentro do Ministério da Cultura para observar a gestão do Ecad. “Eu queria saber quem vai ganhar com isso, por que estão entregando o ouro ao bandido? Por que cargas d’água os arrecadadores querem entregar uma arrecadação milionária a um dos governos mais corruptos da História? Isso é anticonstitucional, a arrecadação de direitos é de foro privado.” Lobão diz que, conforme o novo regulamento, os associados precisam “entregar senhas de internet, de banco e CPF” e que há cláusulas “perigosas” como a que determina que casos de reincidência (do não pagamento de direitos autorais) podem levar à cassação da concessão de uma emissora. “Dizer que sou contra não é fazer apologia do modelo atual. Mas o que estão fazendo é entregar a arrecadação dos direitos ao governo que acabou com a Petrobras”.

Roberto Frejat, outro nome forte do rock nacional, está na outra ponta. Diz que o Ecad era um monopólio privado autorizado pelo Estado e que, portanto, deveria ser regulamentado. “Estamos entrando em um outro capítulo do direito autoral.” Considera que o aumento do repasse para 85% é sinal do quanto esse ganho já poderia ser maior.

O Ecad foi ao Supremo Tribunal Federal contestar a regulamentação e entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), que ainda não foi julgada. Considerou que a nova lei “fere princípios constitucionais ao conceder ao Estado poder para interferir na gestão de uma atividade de direito privado”. Ao jornal O Estado de S.Paulo, porém, o tom foi apaziguador. “O Ecad vem se preparando, desde o início do ano passado, para implementar as determinações do novo regulamento.” Frejat acredita que a derrota no STF é certa. “Não tem como ganhar. O problema é que não querem largar o osso”.

O QUE MUDA

1) As associações de compositores e intérpretes terão que se habilitar junto ao Ministério da Cultura.

2) A taxa de administração não poderá ultrapassar 15% do valor arrecadado.

3) Emissoras serão obrigadas a tornar pública a relação das obras que usou.

4) Associações só poderão ser dirigidas por titulares de direitos, ou seja, compositores e intérpretes. Eles terão mandato fixo de três anos, com direito a uma reeleição.