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Atriz Geraldine Chaplin fala de 'Dólares de Areia'

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São Paulo – Desde que foi homenageada no Festival Internacional de Brasília, em setembro, Geraldine Chaplin já deu quase a volta ao mundo. Da capital federal foi para a Suíça, Espanha, Canadá. No Festival de Toronto, mostrou seu novo filme, Dólares de Areia, que encerra nesta quarta-feira, 29, à noite a 38.ª Mostra. Geraldine faz uma velha lésbica que se envolve com uma garota. O amante da jovem urde um plano para que a idosa a leve – os leve – à Europa. O filme foi realizado pela dupla Laura Guzmán/Israel Cardenas. Casados, eles filmaram na República Dominicana, onde nasceram. Dólares de Areia baseia-se num livro. No original, é um velho. Laura e o marido não trocaram apenas o sexo dos protagonistas, mas também o ponto de vista. O livro constrói-se do ponto de vista do europeu. O filme privilegia a jovem dominicana.

“É meu melhor papel”, sentencia Geraldine. “Me agrada muito que o filme não faça nenhum julgamento moral. Isso é mérito dos diretores. Minha personagem é como um animal moribundo. Tem consciência, mas vive com intensidade o que lhe ocorre.

Talvez esteja se enganando. Os dólares de areia são uma metáfora, mas não a de querer comprar o amor. Minha personagem não se ilude a esse ponto. A metáfora é política. Atinge as relações entre colonizadores e colonizados.”

Está sendo um ano de muita emoção para Geraldine. Completa-se em 2014 o centenário da criação de Carlitos e, em toda parte, ela recebe o carinho que o mundo dispensa a seu pai, o lendário Charles Chaplin. Os olhos brilham. “O mundo quer reverenciar Carlitos. Aqui mesmo (na Mostra), haverá a sessão de O Circo com música ao vivo, sábado, no parque (do Ibirapuera). Se pudesse, ficaria. É tão bom ver que a humanidade de meu pai ainda tem ressonância no mundo atual.”

Mas, no sábado, 1º, Geraldine já estará em Berlim, para mixar a própria voz no filme que fez com Daniel Bruhl, sob a direção de Wolfgang Petersen, Ich und Kaminsky.

Dia 9 estará na República Dominicana, para a estreia de Dólares de Areia. Uma semana mais tarde, acompanhará o filme num festival no Cairo. E, logo em seguida, estará na Espanha para filmar com J.A. Bayona, A Monster Calls, mas antes passa por Paris para o lançamento de um spot publicitário que fez com Karl Lagerfeld. Não é fácil saltar de um lugar para outro, como Geraldine tem feito. “Tenho casas na Suíça e na Espanha, mas atualmente posso dizer que moro em aviões.”

E os filhos? “Correm mais que eu. Não temos tido tempo de nos encontrar, mas falamos todo dia por telefone, por Skype.” Ela acaba de ler o livro de Kenneth Slawenski sobre a ligação do jovem J.D. Salinger com sua mãe, Oona O’Neill.

“Fiquei muito tocada pela forma como Salinger idealizava minha mãe. O livro passa-se no pré-guerra. Narra uma história que não foi, mas poderia ter sido. E se minha mãe não tivesse se apaixonado por meu pai?” O que Geraldine mais gosta de fazer? “Comer.” Mas como que ela se mantém delgada daquele jeito? “É uma vida de sacrifício. Se comesse tudo o que gosto, estaria obesa”, ri. O repórter observa que ela virou uma personagem chapliniana – no brilho dos olhos, nos gestos. “Ai, que lindo! Assim você me faz chorar. Creio que achei meu caminho no mundo, mas tudo o que me liga a meu pai tem um significado especial. Ele não foi só um grande artista, um gênio. Foi um homem bom, ético, e isso não tem preço.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.