Feira de Vinil em Vitória (Foto/divulgação: Assessoria Masterplace)
Feira de Vinil em Vitória (Foto/divulgação: Assessoria Masterplace)

Havia um tempo, muito antes dos streamings, em que o único jeito de ouvir o novo trabalho de um artista era comprando o disco. Até a década de 1990 esta era a realidade da maioria dos fãs de música no Brasil e no mundo.

Daquela década para frente, com a popularização do CD, os discos de vinil se tornaram itens de colecionador. Existem preciosidades que poucas pessoas têm uma cópia para chamar de sua.

Mesmo que tenham sumido das prateleiras por alguns anos, as “bolachas” voltaram com força total ao gosto de amantes de música no Espírito Santo e no Brasil.

O retorno do vinil inspirou que até mesmo bandas independentes passassem a explorar cada vez mais o formato, como é o caso da Lordose Pra Leão, grupo clássico do rock capixaba.

Segundo o baterista e vocalista Marcio Vaccari, o vinil não é só uma forma diferente de ouvir música, mas um formato de expressão artística totalmente único.

“No vinil, o conceito que é colocado na capa dialoga com a música, e o próprio espaço que é dado para o vinil, o tamanho, permite uma expressão artística de uma forma muito mais intensa”, disse.

Segundo ele, os discos têm se popularizado com gerações mais jovens justamente por ser uma forma diferente de se consumir arte.

“A tarefa de pegar, ritualizar, tirar um disco da capa, manter esse disco limpo, colocar para tocar, acabou fascinando uma geração que está profundamente acelerada e que procura na calmaria de um disco se restabelecer, se reconectar com outro tipo de arte de forma mais tranquila”, contou.

De amante para colecionador

Um destes jovens que passou a amar os vinis é o médico Victor Edas. Ele coleciona discos já há sete anos e tudo começou de forma despretensiosa, quando decidiu presentear o pai com um disco.

Hoje, ele relara que tem uma relação mais intimista com os discos, uma vez que a experiência de ouvir álbuns completos é mais intensa do que ouvir músicas aleatórias.

“Foi uma coisa muito mais pessoal do que ouvir no streaming, ouvir no aleatório, porque acho que isso perde muito a personalidade da música. E o intuito de ter o álbum, de ter as músicas naquela ordem, é algo cativante. Desde então eu passei a colecionar vinil, percebi que poderia ser um momento legal do meu dia”, disse.

Segundo ele, que hoje já tem mais de 300 vinis na coleção, mesmo de forma despretensiosa, colecionar se tornou um hobby.

“Eu comprei um, depois o segundo, o terceiro, foi realmente se tornando um verdadeiro hobby”, contou.

Mercado especializado

Em 2024 o segmento de vendas físicas de álbuns cresceu 31,5% no Brasil, alcançando o mesmo patamar de 2017, algo que se deve principalmente às vendas de vinis.

O mercado voltou com tudo e já existem lojas especializadas no comércio de vinis no Estado. Valdir Santuzzi é proprietário de uma loja do segmento em um shopping de Vila Velha. Segundo ele, hoje em dia, os maiores consumidores são jovens da Geração Z.

“Quando a gente começou era realmente só aquela galera das antigas, que gostava de disco. Com o tempo passando a gente viu que o público foi se renovando. Hoje em dia 70% do nosso público é de 25 anos para baixo, foi uma surpresa muito grande para a gente”, contou.

Além de vender os discos a loja também se especializou em produzir álbuns de artistas regionais.

“A gente também um projeto nosso que lançamos discos de vinis de artistas regionais, então a gente faz o fomento cultural resgatando artistas lançados na época do CD e também lançando artistas novos, apostando no negócio do vinil”, relatou.

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.