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Brasileiro transforma ‘O Sétimo Selo’ em ópera

Brasileiro transforma ‘O Sétimo Selo’ em ópera Brasileiro transforma ‘O Sétimo Selo’ em ópera Brasileiro transforma ‘O Sétimo Selo’ em ópera Brasileiro transforma ‘O Sétimo Selo’ em ópera

Nova York – O cultuado filme O Sétimo Selo vira ópera pelas mãos de um brasileiro. A adaptação musical da obra-prima do cineasta sueco Ingmar Bergman estreia nesta quinta-feira, 10, em Nova York pela International Brazilian Opera Company (Iboc), sob o comando de João MacDowell, responsável pela composição e direção artística da ópera.

Em duas únicas apresentações, O Sétimo Selo – Ópera canta o primeiro ato do filme e mostra o retorno das Cruzadas do cavaleiro Antonius Block (Nelson Ebo, tenor) e sua disputa com a Morte (Olga Bakali, soprano) em um jogo de xadrez. A apresentação para orquestra de câmara conta com sete cantores solistas e um coro de 16 vozes, além de cinco instrumentistas, sob regência do maestro brasileiro Néviton Barros. Também já faz parte das comemorações do centenário do cineasta sueco, em 2018 – quando será apresentada a ópera com o texto do filme completo em três atos.

“O Sétimo Selo é o texto mais importante dos últimos 100 anos para os suecos. É o grande filme operístico da obra de Bergman, uma história arquetípica com personagens maiores que a vida”, afirma MacDowell, que fez residências artísticas em Bergman Estate, na ilha de Fårö, onde o cineasta viveu de 1967 até sua morte, em 2007.

“Tive acesso aos manuscritos e textos que Bergman escreveu, pude trabalhar na mesa onde ele trabalhava. Quando propus escrever uma ópera baseada em um de seus filmes em 2014, a Fundação Bergman escolheu O Sétimo Selo”, diz o compositor que estreia sua quinta ópera em Nova York, onde já apresentou trabalhos como Tamanduá – Uma Ópera Brasileira e Flores de Plástico.

O diretor executivo da Fundação Bergman, Jan Holmberg, tem altas expectativas com o resultado final do trabalho de MacDowell. “É absolutamente fantástico que o filme mais famoso de Bergman seja agora transformado em ópera. Essa adaptação tem uma importância tremenda”, afirma também Holmberg, destacando que esta não é a primeira vez que um roteiro do cineasta sueco é musicado. “Já existem óperas em alemão e inglês do filme Persona e a Ópera Nacional Finlandesa vai apresentar em setembro de 2017 a ópera Sonata de Outono. Também há uma produção anglo-americana da ópera Fanny e Alexander em andamento.”

Na ópera O Sétimo Selo, MacDowell opta por manter todo o texto cantado em sueco arcaico, conforme o original de Bergman, e vê na manutenção do idioma uma reverência ao cineasta. Para a empreitada, o compositor contou com a colaboração do dramaturgo Bengt Gomér e da atriz Sophie Sorensen, ambos suecos, para ajudar os solistas de diferentes nacionalidades com o idioma. “O sueco é muito dominado pelas consoantes e tem sons difíceis de reproduzir”, diz ainda Sophie. “Mais do que com a pronúncia em si, precisávamos encontrar um equilíbrio que permitisse que os solistas cantassem e interpretassem com naturalidade.”

Embora a música ganhe profundidade com a orquestra e as vozes, a dimensão dramática da ópera ainda está sendo desenvolvida e a encenação dos cantores acontece de forma discreta nas primeiras apresentações.

Para contar a história do cavaleiro medieval em seu embate com a Morte, MacDowell arranja sua ópera a partir do famoso canto gregoriano Dies Irae – hino já utilizado por compositores como Mozart e Verdi – e incorpora uma linguagem musical harmônica, que mistura o tradicional e o contemporâneo. Os arranjos para a ópera foram elaborados para uma orquestra sinfônica completa, mas as apresentações do primeiro ato em Nova York trazem uma versão reduzida para piano, violino, violoncelo, trompete e percussão, em que o compositor insere elementos da música brasileira, como pandeiro, chocalho e pau de chuva.

A apresentação de O Sétimo Selo – Ópera ocorre na Scandinavia House e é precedida de uma conversa aberta com os músicos sobre a dramaturgia de Bergman. Ao longo do jubileu dos 100 anos de Ingmar Bergman em 2018, João MacDowell quer levar o espetáculo para outros lugares. “Seria muito importante levar para o Brasil porque é uma missão da International Brazilian Opera Company criar oportunidades de colaboração internacional para artistas brasileiros”, acrescenta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.