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'Chegamos ao limite das nossas forças', dizem funcionários do Municipal do Rio

‘Chegamos ao limite das nossas forças’, dizem funcionários do Municipal do Rio ‘Chegamos ao limite das nossas forças’, dizem funcionários do Municipal do Rio ‘Chegamos ao limite das nossas forças’, dizem funcionários do Municipal do Rio ‘Chegamos ao limite das nossas forças’, dizem funcionários do Municipal do Rio

Rio – Com três meses de atraso salarial, funcionários do Teatro Municipal do Rio fazem nesta quinta-feira, 22, a partir das 11h, uma assembleia para definir se seguirão trabalhando. Parte deles não tem mais dinheiro para a condução e para a alimentação, o que vem inviabilizando a ida diária à casa, no centro do Rio. Por causa da crise no governo estadual, artistas, técnicos e servidores administrativos não receberam sequer o 13º salário de 2016.

Nesta quarta-feira, 21, terminou a temporada popular de “Carmina Burana”, levada ao palco pelo coro, orquestra e balé como forma de resistência à penúria. Foram quatro récitas a preços abaixo dos praticados usualmente, todas lotadas. Antes das apresentações, o locutor do Municipal leu um texto que falava da situação de desespero dos corpos artísticos e o restante da equipe. O público, que levou doações de alimentos, como vem fazendo desde o início da campanha SOS Teatro Municipal, em maio, reagiu calorosamente, com muitas palmas e gritos de “Fora Pezão” e “Fora Temer”.

“Esse espetáculo é fruto da iniciativa e esforço dos servidores e de funcionários dessa fundação. Estamos dispostos a continuar servindo ao público com nossa arte, porém, com três folhas salariais em atraso, chegamos ao limite das nossas forças, possibilidades e dignidade. Esse espetáculo também é devido ao engajamento da população do Rio de Janeiro, que aderiu de forma tão solidária e carinhosa nossa campanha SOS Teatro Municipal para a arrecadação de alimentos e distribuição de cestas básicas. Perdurando essa situação de atraso, entretanto, não sabemos até quando será possível manter as atividades e a programação”, dizia o texto.

Sem figurino, o balé apresentou coreografia inédita de Rodrigo Neri, bailarino do corpo de baile do teatro – não havia como dançar a coreografia original, já apresentada no passado no Municipal e de autoria do argentino Mauricio Wainrot, porque faltava dinheiro para pagar por seus direitos autorais, contaram funcionários. A regência foi do maestro titular, Tobias Volkmann.

“Foi emocionante. Fomos ovacionados, os aplausos eram intermináveis. Montamos o espetáculo para mostrar que, apesar de tudo, estamos trabalhando. O público está conosco. Não sabemos o que vamos fazer agora. Talvez possamos repetir no dia 14 de julho, que é o aniversário do teatro (de 108 anos)”, diz Pedro Olivero, representante do coro.