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Ciclo mostra revolução dos 'easy riders'

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São Paulo – Assim como os judeus inventaram Hollywood – tese de Neal Gabler num livro admirável sobre como imigrantes da Europa Central, para se legitimar na sociedade dos EUA, usaram o cinema para forjar a nação -, foi a geração das drogas e do rock’n’roll que criou a nova Hollywood. Existem livros que narram como isso ocorreu. Cenas de Uma Revolução – O Nascimento da Nova Hollywood, de Mark Harris, e Como a Geração Rock’n’Roll Salvou Hollywood, de Peter Biskind, contam todo esse processo. Nos anos 1960, o sistema de estúdio entrou em crise. A Fox quase foi à falência com os custos estratosféricos de Cleópatra, a versão com Elizabeth Taylor. Se não fosse o megassucesso de A Noviça Rebelde, de Robert Wise, a Fox teria mesmo afundado, e com ela todo um sistema baseado em filmes grandes e custos milionários.

A solução veio dos pequenos. Desde os anos 1950 e ao longo de toda aquela década, produtores (e diretores) como Roger Corman e William Castle mostraram que era possível fazer filmes rápidos e baratos, e ganhar muito dinheiro.

Corman abriu a via para Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Jack Nicholson, e foram eles que, nos anos 1970, criaram a nova Hollywood. Um ciclo que começa nesta quarta-feira, 21, no Centro Cultural Banco do Brasil (e prossegue até 9 de fevereiro), dá conta dessas transformações. Easy Riders – O Cinema da Nova Hollywood tem curadoria de Paulo Santos Lima e Francis Vogner dos Reis. Traz 30 títulos emblemáticos do período. Além de revê-los, você poderá participar de debates como o do dia 22, com os críticos Cleber Eduardo, curador da Mostra Aurora, do Festival de Tiradentes – que começa sexta-feira (23) -, e Luiz Carlos Oliveira Jr.

Easy Riders

Algo se passou quando Peter Fonda e Dennis Hopper montaram naquelas motos para refazer, cheirados e fumados, e em sentido inverso, a trajetória dos pioneiros da ‘América’. No caminho, a geração das drogas encontra a do álcool – Jack Nicholson. Quando Sem Destino surgiu, no fim dos anos 1960, o cinema de Hollywood já estava mudado. Ao longo da década, Hollywood teve de se adaptar às mudanças que já vinham da década anterior. Desde o advento do rock, o mundo nunca mais foi o mesmo. Vieram as mudanças de comportamento. A pílula, a minissaia. Na França, a nouvelle vague tirou o cinema do estúdio e o colocou na ruas, Alain Resnais embaralhou tempo e espaço e implodiu a narrativa tradicional. Na Itália, Federico Fellini, com A Doce Vida, e Michelangelo Antonioni, com A Aventura, filmaram o vazio existencial e moral.

Tudo isso se refletiu do outro lado do Atlântico, nos filmes que você vai poder agora (re)ver. Muitos deles são os clássicos, ou os standards, daquela época – Sem Destino, claro; Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn; O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski; Na Mira da Morte e A Última Sessão de Cinema, de Peter Bogdanovich; Maridos/Husbands, de John Cassavetes; Cada Um Vive Como Quer, de Bob Rafelson; MASH, de Robert Altman; O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola; Loucuras de Verão, de George Lucas; Tubarão, de Steven Spielberg. Com esses grandes filmes vieram outros que não dispõem da mesma fama, mas valerá (re)descobrir – Sublime Obsessão, a releitura de Um Corpo Que Cai/Vertigo, por Brian De Palma; A Outra Face da Violência, de John Flynn, sobre as consequências da Guerra do Vietnã na vida americana; Nasce Um Monstro/It’s Alive!, o horror segundo Larry Coen, etc. Serão 15 dias de uma viagem visceral para quem quiser entender como e por que o cinema mudou tanto.

E a programação ainda vai ficar devendo a era dos blockbusters tecnológicos que George Lucas, nas pegadas de Stanley Kubrick, formatou em 1977, com Star Wars. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.