A pandemia de Covid-19 acelerou tendências urbanas que já vinham se desenhando pelo avanço tecnológico, que já então oferecia ferramentas para que os processos de trabalho pudessem se dar de forma diferente de certos modelos tradicionais, pelos quais é imprescindível a presença física das pessoas em um determinado ambiente.
Além da era digital ter aberto a possibilidade, para uma variada gama de profissões, do exercício do trabalho remoto, incluindo reuniões de planejamento e ações operacionais, um conceito surgido em 2020 aponta um caminho que passou a ser considerado por muitos como o ideal de convivência urbana. Trata-se do conceito de “cidade de 15 minutos”, criado pelo urbanista Carlos Moreno e adotado em cidades como Paris, Londres, Madri e Lisboa.
Para falar sobre o que significa esse novo entendimento a respeito da urbanidade e da vida em comunidade, a coluna foi ouvir Rodrigo Pimenta, um publicitário capixaba que se destacou no mercado capixaba com a empresa R-Com, trabalhou na MacCann e que hoje vive em Portugal, à frente da AdsYeah, que começou startup, ganhou prêmios e hoje é uma empresa inovadora no ramo da publicidade.
Cidade de 15 minutos
Sobre a “cidade de 15 minutos”, Rodrigo Pimenta sintetiza que a proposta “defende que moradores tenham acesso a trabalho, comércio, lazer e serviços essenciais a apenas 15 minutos de casa, a pé ou de bicicleta. Agora, essa visão se expande para os EUA, com Nova Iorque adaptando seus bairros, e se consolida como uma tendência global”, afirma.
Ele acredita que, para o mercado imobiliário, esse movimento representa uma oportunidade estratégica. “Com a valorização da proximidade, pequenos malls de bairro e galerias comerciais ganham novo fôlego, suprindo a demanda por conveniência e reduzindo a dependência de grandes deslocamentos. A escassez de imóveis comerciais em zonas residenciais tende a elevar os valores de aluguéis, tornando esses espaços ainda mais atrativos para investidores”, analisa o especialista.
Os grandes shoppings, por sua vez, também se reinventam, ao incorporar elementos de ruas e praças em sua arquitetura. “Recriam a experiência de um bairro completo, integrando padarias, mercados, serviços diários e até pequenos negócios antes excluídos de seu mix. Essa adaptação não só atrai um público em busca de praticidade, mas também resgata a essência do comércio local em escala ampliada”, diz Rodrigo.
Visão estratégica
O verdadeiro luxo hoje, portanto, não estaria no distanciamento, mas na possibilidade de viver, trabalhar e resolver necessidades cotidianas próximas de casa. E para as construtoras e incorporadoras, entender esse movimento é essencial. Uma estratégia de marketing bem planejada pode posicionar empreendimentos como soluções para essa nova demanda, destacando acessibilidade, diversidade de serviços e qualidade de vida.
Para Rodrigo, o papel do estrategista de marketing é fundamental nessa transição. “Ao alinhar comunicação, mix de lojas e experiência do consumidor ao conceito de cidade compacta, ele ajuda a transformar projetos imobiliários em espaços que realmente respondam às expectativas desse novo tempo. Não se trata de um modismo passageiro, mas de uma revolução urbana — e só enxergará seu potencial quem estiver disposto a olhar além do óbvio”.
Rodrigo resume o conceito de “cidade de 15 minutos” em poucas palavras, mas que vão direto ao ponto, evidenciando o grande ativo que pertence às pessoas na vida contemporânea. “Hoje, o futuro imobiliário não se mede em metros quadrados, mas em minutos. E quem souber comunicar isso estará um passo à frente”, garante.