
Medo, falta, carreira, amor e família: tudo isso foi tema da minha terapia em 2025 — e, pensando bem, têm sido há três anos, desde que comecei meu processo terapêutico. Talvez esses sejam os assuntos universais no divã.
Tive a ideia deste texto enquanto fazia a retrospectiva do Folha Vitória, logo depois da minha última sessão do ano. Então, decidi revisitar meus aprendizados e abrir isso para você.
No último encontro, contei à minha analista que me sentia frustrada por parecer que estou sempre correndo em círculos, nunca chegando ao ponto principal — aquele em que eu descobriria exatamente o que mudar para, sei lá, ser perfeita. Um spoiler do que aprendi neste ano: isso não existe.
Mas minha psicóloga me disse algo que me libertou: “Mesmo que você repita algo, sua fala nunca chega do mesmo jeito aqui.” Já faz uma semana, e isso segue ecoando na minha cabeça.
Sem mais delongas, espero que minha exposição gratuita te ajude de algum jeito. Lembrando que esta é a minha experiência em análise, com uma psicóloga formada, de viés psicanalítico. Sempre que puder, procure ajuda profissional.
Cinco coisas que aprendi em análise em 2025
Talvez isso seja apenas saudade de si
É difícil encerrar ciclos, seguir em frente, ser fiel à decisão que você tomou. Entenda isso como quiser: seja um relacionamento, sair de um emprego, se mudar ou se afastar de um familiar. É simplesmente complicado estar em movimento.
Porque dar adeus a algo também é se despedir de uma parte de você. Durante uma sessão, logo no início do ano, eu chorei de saudade de uma situação que vivi — uma que eu achava que já tinha superado. Diante disso, ela disse:
Para mim, você só sente saudade de quem era e quer ter você mesma de volta.
Minha psicóloga
Tomar a decisão certa não fará doer menos, e pode ser que você esteja de luto também por uma parte de si. Pode demorar, mas, como todo luto, a vida cresce ao redor dele.

Esse incômodo pode ser um problema seu
Já ouviu aquela máxima de que, se algo no outro te incomoda, isso pode dizer mais sobre você do que sobre ele? Bem, eu não sei o quanto disso é verdade e, como já avisei, não sou psicóloga.
Mas este ponto tem a ver com o meu desconforto ao perceber pessoas vivendo suas próprias vidas fora dos meus moldes. Afinal, como assim o outro não resolve seu problema do jeito que eu acho ideal?
Talvez valha a pena refletir sobre qual problema você está fugindo de resolver. Ponto final. Eu não tenho muito mais a dizer sobre isso: esse ainda é um aprendizado difícil para mim, porque sigo em fuga — pelo menos agora de forma consciente (rs).
Não é tarde demais
Minha geração tem essa mania de se achar velha demais para qualquer coisa. Não tem um casamento estável, casa própria e o carro do ano aos vinte e poucos anos? Então não dá mais tempo de conseguir! Isso também revela o quanto temos medo de tentar algo pela primeira vez e fracassar.
Há umas três sessões, discutindo meu medo de tentar e falhar, eu disse que estava velha demais para ser inexperiente. A resposta dela foi direta:
Se, aos 26 anos, você se acha velha para tentar algo novo, o que isso significa para as experiências que vai viver pelo resto da vida?
Minha psicóloga
No pior cenário possível, o que pode acontecer se tentarmos algo pela primeira vez e falharmos? Minha cabeça ansiosa me dá mil respostas e, francamente, nenhuma delas parece tão ruim assim.
Fale com alguém no seu idioma
Com quem você está falando sobre seus sentimentos? Será que essas pessoas falam a mesma língua que você?
Minha psicóloga
Ter uma rede de apoio é o que me mantém viva, feliz e cuidada. Como dá para perceber, não tenho dificuldade em falar das minhas questões, então me abrir com amigos e familiares é fácil. Mas o fato é que nem todos eles falam o mesmo idioma que eu.
Por mais amor que exista entre você e os seus, vocês experienciaram a vida de maneiras diferentes. É preciso maturidade para entender quem realmente te compreende, sem que algo se perca na tradução.
Errar é humano — e ser humano não é defeito
Ser imperfeito faz parte da experiência humana. Se eu for 100% sincera, fazer as pazes com a minha humanidade ainda está em processo, mas já entendi que não tem para onde fugir.
Não vai existir um momento em que eu seja tão esclarecida a ponto de nenhum sentimento me atravessar. E, convenhamos, seria insuportável passar pela vida sem sentir nada. Como já cantaram Lady Gaga e Ariana Grande em Rain on Me: “I’d rather be dry, but at least I’m alive (Eu preferia estar seca, mas pelo menos estou viva)”.
Não é papo de positividade tóxica. Eu costumava implorar para que Deus me fizesse menos sensível, até que passei meses inerte, sem sentir nada. Nem tristeza, nem alegria. Nada era capaz de rasgar meu coração — e esse, não nenhum outro, foi o pior momento da minha vida.
Então, meu desejo de 2026 para mim e para você é: que chova!