Há uns sete ou oito anos, o mundo vivia a primeira grande febre dos podcasts. Com a digitalização do mundo e todo aquele papo que a gente já conhece, as pessoas “abandonaram” o rádio para consumir música em plataformas de streaming.
Eu não saberia confirmar se isso criou um espaço fértil para a popularização do formato “apenas amigos conversando em um bar”, que todo mundo queria plantar sua semente, mas acontece que deu certo.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Podcasters (ABPod), em 2024, estimou que o país tenha aproximadamente 31,94 milhões de ouvintes de podcasts, dos quais 40,23% ouvem diariamente.
Quando eu comecei a consumir podcast, isso nem era novidade e, para mim, parecia uma coisa de gente culta. Na época, a Foquinha — jornalista, apresentadora, especialista em cultura pop (e, honestamente, uma das minhas maiores referências) — criou um podcast com o namorado, André Brandt.
O “Donos da Razão” é, basicamente, sobre a vida do casal: rolês, trabalho, perrengues em viagens… Uma vez ouvinte de Foquinha e André, o mundo da “podosfera” se abriu para mim e eu aprendi que nem só de assuntos sérios vive o podcast.
De lá pra cá, eu já ouvi centenas de programas diferentes e até aprendi que a política brasileira foi impactada por uma briga de irmãos que não foram amados igualmente pelos pais (alô, Collor vs. Collor). Hoje, sou fiel a cinco podcasts e acho que você deveria conhecer, caso ainda não conheça.
Confira dicas de podcasts para começar a ouvir hoje mesmo
Gostosas também choram – Lela Brandão
No episódio 116, usando as palavras do Gato de Alice no País das Maravilhas, Lela definiu o Gostosas também choram: “se você clicou nesse podcast, você deve ser louca ou não estaria aqui”. Eu confirmo isso.
Dia desses, eu e uma amiga estávamos conversando sobre o podcast e nos perguntaram do que se tratava. Respondemos que a Lela falava sobre ser uma mulher adulta. Os episódios falam sobre vida financeira, saúde mental, conselhos sobre vida, amor, trabalho e, principalmente, estar confortável no próprio corpo.
Esse é meu episódio preferido dos últimos tempos:
Bom dia, Obvious – Marcela Ceribelli
Desde 2020, Marcela Ceribelli aprofunda conversas sobre o universo feminino no Bom dia, Obvious. A CEO e diretora criativa da Obvious, uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina, autora de dois livros e eternamente curiosa recebe convidados no programa, que é focado em felicidade feminina.
Foi neste podcast que eu aprendi sobre a prateleira do amor de Valeska Zanello, entendi que muitas das minhas dores enquanto mulher são construções sociais, conheci um dos meus livros preferidos, Tudo É Rio, e adicionei centenas de outros à minha lista de leitura. Por causa do Bom dia, Obvious, tive contato com Ana Suy e toda sua pesquisa sobre amor, paixão e solidão.
Comece pelo meu episódio preferido:
É tudo culpa da cultura – Michel Alcoforado
Este é um podcast de um “antropólogo, com outros antropólogos, para não antropólogos”. O programa explica que nossos “hábitos, formas de pensar e, até mesmo, angústias, são, de algum modo, culpa da cultura”.
Michel Alcoforado se propõe a tornar uma discussão que, muitas vezes, está restrita às universidades, acessível. Dividido em duas temporadas, o podcast falou sobre amor, na primeira, e sobre sexo, na segunda. Mas o assunto não fica no raso. No meio disso, o antropólogo destrincha os temas em subtemas, como o amor na prisão, relacionamentos poliamorosos, a prática swing, erotismo gospel e muito mais.
Comece do começo:
Donos da Razão – Foquinha e André Brandt
Foram eles que me apresentaram ao mundo dos podcasts e são responsáveis pela maioria das minhas crises de riso em público (porque eu escuto o programa no caminho entre minha casa e o trabalho).
As aventuras de André e Foquinha merecem ser ouvidas desde o início, mas, para mim, esse episódio é a representação perfeita do programa:
É nóia minha? – Camila Fremder
Escritora, roteirista, podcaster, tiktoker, mãe do neto da Rita Lee, fundadora da Associação dos Sem Carisma e eternamente noiada, mesmo depois de 10 anos de análise: essa é Camila Fremder. O É nóia minha? é um acalento para nós, pessoas que amam estar perto do tapetinho do banheiro e para quem socializar exige muito esforço emocional.
O Nóia também fala sobre questões de mulheres adultas (você já percebeu um padrão aqui) e todas as maluquices que passam pelas nossas cabeças.