
As demissões em massa anunciadas pelo Itaú levantaram uma discussão importante sobre como medir produtividade. Parte das notícias falou em monitoramento de cliques e tempo de atividade nos computadores. Mas será que isso explica sozinho o corte de tantos funcionários? E mais: produtividade pode ser reduzida a movimentos de teclado e mouse?
Empresas grandes usam sistemas de acompanhamento digital. Servem para controlar processos, dar segurança e até avaliar rotinas. O problema começa quando esses números viram o principal critério para julgar o desempenho de uma pessoa. Produtividade não é estar conectado o dia todo, mas entregar valor real.
Estudos comprovam essa diferença. A Harvard Business Review mostrou que empresas que medem desempenho por resultados têm 31% mais chances de reter bons funcionários e 23% mais chances de bater metas financeiras. Já aquelas que focam apenas em métricas de presença digital registram maior desconfiança e queda no engajamento.
É possível que o Itaú não tenha demitido só por causa dos cliques. Grandes bancos vivem sob pressão, enfrentam a chegada de novas tecnologias e precisam cortar custos. Demissões em massa quase sempre envolvem vários motivos: automação de processos, reorganização de setores e revisão de serviços. Reduzir tudo ao home office seria simplificar demais.
Por outro lado, se o monitoramento digital pesou de forma decisiva, há um problema sério. Significa voltar a uma forma ultrapassada de gestão, em que importa mais vigiar do que medir a entrega. O setor financeiro já provou que o caminho é outro. Fintechs como o Nubank cresceram porque focaram na experiência do cliente e na inovação, e não em controlar quem estava com a tela aberta.
Dados da Gallup reforçam essa visão. Equipes avaliadas por resultados têm 21% mais produtividade e 22% mais lucratividade do que aquelas medidas por presença. Isso acontece porque, quando as pessoas sabem que serão cobradas pelas entregas, assumem mais responsabilidade e trabalham com mais clareza.
O Desafio do Itaú
Nesse contexto, o Itaú tem um desafio: mostrar de forma transparente os reais motivos das demissões. Se foram ajustes estratégicos, que fique claro. Mas se houve peso excessivo em métricas digitais, o banco corre o risco de minar sua própria cultura de alta performance.
Medindo o Trabalho: Além dos Cliques
Em conclusão, o trabalho não pode ser medido em cliques ou horas diante da tela. Trabalho é medido em resultados, em valor entregue e em impacto para o cliente e para a empresa. Porque quando uma empresa confunde movimento com entrega, não perde apenas funcionários: perde sua capacidade de crescer de verdade.