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Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS

Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS Crianças com deficiência visual participam de performance no MIS

– Crianças do Instituto Padre Chico e da Escola de Dança de São Paulo encontram-se neste sábado, 3, às 15h, no MIS, para a performance Varal de Nuvens. Em meio a tecidos, gravetos, apitos e vento, realizam uma das partes do projeto A Poética do Encontro, desenvolvido pelo grupo Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier, com o conceito de antiestrutura de Victor Turner (1920-1983). A outra parte, também lançada hoje, às 16h, refere-se à exposição virtual, hospedada no site do MUD – Museu da Dança (museudadanca.com.br/lagartixanajanela/), reunindo textos, ilustrações e design de Pablo Romart, fotos de Sílvia Machado e vídeos de Osmar Zampieri, realizados durante o projeto.

Fundado em 1928, o Instituto Padre Chico atende cerca de 150 crianças e adolescentes, entre 3 e 15 anos, com diferentes graus de deficiência visual e, desde 2008, seguindo a tendência inclusiva em curso, passou a aceitar também parentes dos seus alunos sem deficiência. Já realizavam trabalho de musicalização, mas este foi o primeiro contato de todos com a dança e trouxe descobertas importantes. “Foi interessante vê-las entender que o corpo não é só algo que as leva de um lugar para o outro, mas também um espaço de sensações, percepções e memórias”, conta Uxa Xavier, com 30 anos de experiência em dança.

Um bom exemplo foi o que aconteceu logo no primeiro dia, quando um dos alunos, em meio aos exercícios de toque, descobriu uma parte de seu corpo que nunca havia sido nomeada para ele: o tornozelo.

Uxa deseja trabalhar com deficientes visuais desde o tempo em que recebia crianças com Síndrome de Down e autismo leve no seu estúdio. “Quando iniciamos o processo dessa pesquisa, fomos à exposição Diálogos no Escuro, que inseria o visitante em um ambiente que simulava a realidade de um deficiente visual. Perguntei ao monitor como ele sentia os corpos e o movimento das pessoas ao seu redor, e ele ficou em silêncio. O silêncio dele me provocou ainda mais sobre a relação do movimento com o imaginário, que é a questão que guia o projeto”, afirma.

“Esse interesse me levou a sair do campo da deficiência para o campo da política, refletindo sobre a existência de mundos paralelos, e que o imaginário pode e deve ser um espaço a ser vivido e respirado por todos.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.