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Criolo estreia especial em homenagem ao samba

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Durante uma semana, no verão de 2015, Criolo e a cineasta Monique Gardenberg estiveram juntos com amigos em comum numa casa de campo no município de Itacaré, na Bahia. Às tardes, se sentavam em círculo ao redor do músico e também amigo Cézar Mendes para ouvi-lo tocar samba no violão e começavam a cantar. Nestes dias, criaram uma cumplicidade em torno do samba que passaria quieta durante seis anos. Até que, em janeiro deste ano, Monique decidiu reviver aqueles dias e convidou o Criolo para um filme-concerto sobre o samba.

Do convite nasceu Criolo Samba em 3 Tempos, um filme-concerto dirigido por Monique Gardenberg em homenagem ao gênero. Dividida em três partes, a produção estreia a primeira delas nesta sexta-feira, 30, no site do Teatro Unimed (www.teatrounimed.com.br).

As partes restantes serão lançadas nas semanas seguintes. Cada uma se dedica a um tema presente na história do samba: o samba romântico (nomeado ‘sofrência’ pelos produtores), o samba da questão racial e social e o samba de celebração à vida. O repertório passa por músicas de Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Mauro Duarte, Cartola, Caetano Veloso e outros.

A relação de Criolo com o samba já havia ficado evidente no disco Espiral da Ilusão (2017), no qual interrompeu a sequência de discos de rap e apresentou uma dezena de sambas autorais. Desta vez, o músico retorna ao gênero para homenagear grandes compositores e a história do próprio samba – descrito por ele como um gênero que tem “a verdade da intenção da palavra”.

“O samba traduz e conduz uma linha do tempo e registra os acontecimentos, nosso sonho e nossa força”, disse Criolo ao Estadão.

O primeiro contato do músico com o samba aconteceu em casa, através dos pais. Criolo cresceu ouvindo o pai, Cleon Gomes, cantarolar os sucessos de Martinho da Vila e de Elza Soares e não deixou a influência de lado. A relação familiar com o samba fica evidente na primeira parte do filme, dedicada à irmã mais nova, Cleane Gomes, falecida em junho em decorrência da covid-19.

Com a cineasta Monique Gardenberg, o primeiro contato também veio de casa. Segundo conta, essa relação em comum com o samba – marcada pela temporada em que estiveram juntos em Itacaré – foi a grande motivação para a realização do filme. Monique, que já havia trabalhado com o gênero no especial Nivea Viva o Samba (2014), considera o samba “a corrente central da música popular brasileira” e conta que já desejava voltar a trabalhar com ele. “O sambista tem um caráter de cronista no Brasil, e isso é algo que me encanta. Eu sou uma apaixonada pelo samba e sentia o desejo de ter esse contato mais próximo”, afirmou.

A escolha dos temas para cada parte do filme aconteceu de maneira natural, segundo a cineasta. No processo de escolha do repertório, ela e o músico perceberam que havia três temas delimitados e, a partir daí, decidiram dividi-los para criar uma estética cenográfica própria para cada um. Tanto Monique quanto Criolo acreditam que os três temas presentes refletem a história do povo brasileiro. “Nosso povo ama, nosso povo luta, nosso povo te oferece sorriso na alegria de se sentir ainda vivo”, contou o músico.

O filme é apresentado num ambiente de roda de samba, criado dentro de um teatro sem a presença da plateia. Neste espaço, que também tem a presença dos músicos Ricardo Rabelo (cavaco), Gian Correa (violão de 7 cordas), Ed Trombone (trombone) e Maurício Badé (percussão), os dois puderam reviver as tardes que passaram juntos na Bahia.

Apoio à arte

A produção do filme também apoia o projeto Backstage Invisível, criado no início da pandemia da covid-19 para arrecadar e distribuir cestas básicas para profissionais das artes que trabalham nos bastidores, cujas famílias têm enfrentado situação de insegurança alimentar em um período em que a maioria dos palcos continua vazia.

O Criolo Samba em 3 Tempos faz parte do projeto Teatro Unimed em Casa, criado durante a pandemia para levar produção artística inédita para a casa das pessoas, contribuindo para garantir o acesso gratuito à cultura neste período.

Para Monique Gardenberg, o filme também possibilita que o contato com manifestações artísticas populares, como o samba, permaneça acontecendo. “Nós não temos noção do quanto essas manifestações artísticas fazem falta na nossa vida, até voltarmos a ter contato com tudo isso. É uma emoção ver manifestações artísticas acontecerem diante da gente tanto tempo depois, e neste cenário de pandemia e de ataques à cultura brasileira.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.