Foto: Freepik
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*Artigo escrito por André Lima Ferreira, arquiteto e urbanista, coordenador e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa

Decorar a casa sempre parece um desafio, especialmente quando o orçamento é curto. Como arquiteto, aprendi que os ambientes mais bonitos não surgem de compras caras, e sim de escolhas honestas. A casa que encanta não é a casa impecável: é a casa que acolhe. É aquela que você entra e sente: “aqui tem vida”. E isso se constrói com três caminhos muito simples e perfeitamente possíveis para qualquer pessoa.

André Lima Ferreira, arquiteto e urbanista, coordenador e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa. Foto: divulgação

1. Decoração afetiva: sua história como protagonista

Vivemos um momento de saturação de ambientes perfeitos demais, simétricos demais, impessoais demais. As pessoas estão buscando voltar para casa, mas para uma casa que realmente as represente.

Uma casa com alma. Isso significa deixar visíveis as memórias que contam sua trajetória: fotos de família, objetos de viagem, livros marcados, peças herdadas, pequenas imperfeições que fazem sentido para você. O lar ganha narrativa, textura emocional e identidade.

Dica prática: escolha um “ponto de afeto” em casa, um aparador, uma parede, uma prateleira, e monte uma composição com objetos que contam quem você é. Essa curadoria pessoal é um dos recursos mais poderosos da decoração contemporânea… e não custa nada.

2. Bem-estar sensorial: cores e luz que cuidam de você

A nova decoração é emocional. As cores influenciam o humor, a concentração, a calma. Tons terrosos acolhem, verdes refrescam a mente, azuis organizam o olhar, cores vibrantes energizam. E se a cor é o “clima”, a luz é o “ritmo” da casa.

A luz natural renova os ambientes, amplia espaços, realça texturas. Já a iluminação quente à noite faz a casa abraçar. É impressionante como um ambiente pode parecer totalmente novo apenas com o ajuste da luz.

Dica prática: libere as janelas. Troque cortinas pesadas por tecidos translúcidos. Use espelhos em paredes que recebem luz indireta. E adicione abajures ou fitas de LED quente para criar camadas de aconchego. São intervenções simples que têm impacto de reforma.

3. Elementos artesanais: calor, textura e singularidade

O artesanal voltou. E não é tendência passageira. Ele representa tudo o que buscamos hoje: autenticidade, textura, pertencimento.

Peças de cerâmica, tramas de fibras naturais, madeira, tecidos feitos à mão e pequenos objetos únicos transformam qualquer ambiente. Eles geram contraste, profundidade e um senso de verdade que nenhuma peça industrial consegue reproduzir.

Dica prática: introduza pelo menos um elemento artesanal em cada cômodo. Uma luminária de palha na sala, um cesto no banheiro, um vaso de cerâmica no quarto. Esses detalhes criam continuidade e aquecem o espaço sem exigir grandes investimentos.

Um lar com verdade

No fim das contas, decorar bem gastando pouco é um exercício de percepção. É aprender a olhar para a própria casa com mais intenção e menos pressa.

É combinar luz, memória e textura para criar ambientes que não só funcionam, mas que abraçam.

A casa perfeita não é a que impressiona, e sim a que acolhe. E qualquer pessoa pode construir isso. Basta começar com aquilo que já está ao seu alcance: sua história, sua luz e seu jeito de habitar.