Por entre valões, ruas escuras ou bem iluminadas, para quem sabe procurar, a arte independente está mais viva do que nunca no Espírito Santo. Longe dos holofotes, é possível encontrar música muito boa criada no melhor estilo “Faça Você Mesmo” no Estado.
Para além de Dead Fish e Mukeka di Rato, de uns anos para cá, o cenário no Espírito Santo ganhou um novo vigor. Há por aqui quem esteja interessado em fazer a roda girar em termos de autenticidade.
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Muitas vezes, o palco é o chão, e em porões com cheiro de cerveja se movimenta um verdadeiro polo de criação artística.
Você acha que não existe cultura underground no Espírito Santo? Pois preparamos uma lista de bandas capixabas que você precisa conhecer.
Maré Tardia
Formado em 2019, o Maré Tardia é atualmente a banda capixaba com maior projeção para além das praias do Espírito Santo. O grupo já conta com dois discos, o segundo deles, “Sem Diversão Pra Mim”, lançado esse ano, rendeu bons frutos à banda.
Com sonoridade “surf punk”, a banda traz influências que passam pelo indie rock, trazendo influências de bandas clássicas dos anos 90. Eles se preparam para uma apresentação no histórico Goiânia Noise, em Goiás, ainda este ano.
Esclerose
O Esclerose é uma banda que faz um hardcore punk pesadíssimo, com influências de crust e até uma pegada crossover. Membros do grupo, como o guitarrista Chico, são fortes agitadores da cena musical da Grande Vitória.
É o próprio Chico o responsável pela Caramelo Discos (volta logo, pessoal!), palco do underground capixaba. O EP de 2022 “Pátria” é altamente recomendado para ouvir com raiva. Simplesmente imperdível.
Kardüm
Ao contrário da pancadaria sonora normalmente associada ao hardcore, o Kardum faz um som voltado mais às melodias do gênero, com influências fortemente ligadas ao emo dos anos 80 e 90.
A banda lançou na última sexta (11), o EP “Ainda Aqui”, um disco extremamente pessoal, que lida com temas como perda e a insustentável necessidade de seguir em frente. O grupo já assinou colaborações com nomes como Rodrigo Lima (Dead Fish), Deb Babilônia (Deb & The Mentals) e Badauí (CPM 22).
Shitsunami
O Shitsunami é uma banda capixaba com uma origem diferente, uma vez que teve início do outro lado do mundo, na China. Capitaneada pelo guitarrista e vocalista Hugo Ali (ex-Broken & Burnt), eles têm um som difícil de definir.
A música traz peso stoner, ao mesmo tempo que flerta com uma irreverência puramente rock n’ roll, com riffs extremamente marcantes. É indispensável a audição de seus dois discos: Shitsunami (2021) e “Surprise Death Party” (2024).
Not I
O Not I formado por Ignez (baixo e vocal), Felipe (guitarra) e Villy (bateria) se define como “rock alternativo não-irônico e voluntarista, com o mínimo de nostalgia possível”. E eles são isso mesmo!
Com letras em inglês e uma sonoridade que traz camadas entre belos riffs e linhas de baixo, a banda faz um som reflexivo e autêntico, e se perdoarem a intromissão de quem escreve, com uma bela inspiração de post-rock.
Edax
Shows do Edax são um evento, tanto pelas músicas, quanto pela presença de palco dos quatro membros. A banda formada em 2017 traz ao palco atualmente faixas do ótimo EP “Devorador de Tudo”, lançado em 2024.
É hardcore punk, mas traz super bem-vindas influências de post-metal, um gênero quase inédito no Espírito Santo. Nas letras, reflexões sobre o mundo, a sociedade, e o mal a se expurgar.
Odiär
“Noise Not Music” (Barulho, não música) é uma frase conhecida para adoradores de grindcore e powerviolence. O Odiär, um trio capixaba, sem guitarra, deixa bem claro que é isso que eles fazem.
A banda faz um D-Beat e crust, feito para botar tudo para fora em alguma roda punk. O disco “Total Ódio”, lançado ano passado, é indispensável para quem gosta de um verdadeiro ataque sonoro.
Fase Terminal
O Fase Terminal é considerado uma banda ainda jovem no cenário, tendo iniciado os trabalhos em 2023. Na conta, eles têm um single com o mesmo nome do grupo, disponível no Spotify.
É um death metal extremamente bem feito e brutal, cantando em português. Só guitarra, vocal, e bateria!
Atrox
O Atrox é um duo formado por Pedro Moscardi (baixo e vocal) e Ruan Reis (bateria), e faz um som que vai do stoner à psicodelia, uma coisa que beira o inacreditável para uma banda formada por apenas duas pessoas.
A banda usa efeitos que tornam a presença de uma guitarra totalmente desnecessária. Riffs embrasados (de baixo!)
Delicta Carnis
O Delicta Carnis é uma banda veterana e celebrou recentemente 20 anos de estrada no Espírito Santo.
A banda faz um black e death metal de dar inveja em qualquer escandinavo. Nas duas décadas de estrada, já dividiram o palco com grandes nomes dos gêneros tanto do Brasil quanto do exterior.
O mais recente disco “The Book Of Blackened Death Elements” traz um metal ríspido e bem trabalhado para quem é chegado às vertentes mais extremas do gênero.
Doggbite
O Doggbite é uma banda de hardcore que nasceu em Vila Garrido, Vila Velha. O grupo traz inspirações de grandes nomes do gênero, como o Suicidal Tendencies, e trabalha seu mais recente EP “Cães de Rua”.
O vocalista Ronaldo é também organizador de eventos, responsável por trazer ao Estado grandes bandas do cenário nacional, como Manger Cadavre? Sangue de Bode e Eskröta.
Skydiving From Hell
O Skydiving From Hell é um quinteto de Vila Velha que mescla metal moderno e hardcore em um som técnico e violento, com riffs avassaladores permeados por um trabalho vocal impecável.
A banda já dividiu o palco com nomes como Krisiun e Black Pantera, e está em todas as plataformas de streaming: os singles Unpatriot, Amethyst, Black Flag e Indigente, são imperdíveis.
Noite Aperto
Noite Aperto é uma banda de Vitória que faz um punk rock extremamente honesto e direto ao ponto, o rolê chega a ser quase artesanal. É cru, visceral e muito verdadeiro.
Na demo de 2020 a banda aborda temas políticos e sociais de forma aberta e deixa claro: punk rock não está à venda.
Await Rotteness
O Await Rotteness é uma banda que faz um death extremamente brutal, em atividade no Espírito Santo desde 1994.
Com um status quase lendário no underground capixaba, a banda tem no lançamento do single “Black Veil of Scum”, de 2021, seu trabalho gravado mais recente.
Julia e as Choronas
Julia e as Choronas é uma banda nova (e bem jovem!) que começa a mostrar suas composições autorais. Nas primeiras faixas, há uma inspiração de rock alternativo, flertando um pouco com o shoegaze.
om músicas intimistas e um tom quase irreverente, é uma banda para ficar de olho e não perder de vista.
Repórter
Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.
