
A arte é uma das formas mais genuínas de se expressar no mundo. Por meio dela, é possível mudar visões, a realidade, um dos jeitos mais potentes de mostrar que algo importa. Seja com um microfone no palco, ou com uma pintura em uma caverna, é por meio dela que alguém deixa verdadeiro impacto no mundo, uma mensagem imortal: eu estive aqui.
Ela também é uma forma de agregar, aproximar as pessoas, em alguns casos a inclinação para a arte corre no sangue, como a família da produtora de eventos e professora de História, Carolina Corres Lopes, de 46 anos.
Carolina é conhecida na cena de metal extremo capixaba há 20 anos, quando deu início à produtora Condessa da Noite, responsável por trazer atrações nacionais e internacionais para o Estado.
Ela é a mãe de Cristal Korres Lopes Romualdo d’Ávila e de Ares Corres Lopes Romualdo d’Ávila, que assim, como ela, se enveredaram pelo caminho da arte.
Carolina conta que o incentivo à arte para os filhos veio de berço e, hoje, ela também serve de inspiração para o neto, Apolo, de 7 anos.
Como mãe e produtora, sempre procurei incentivar meus filhos, e agora também o meu neto, Apolo, a se interessarem por cultura, em todos os seus formatos: música, dança, teatro, artes plásticas. Acredito que a cultura nos abre novos horizontes e nos ajuda a enxergar a vida de uma forma mais leve, mais lúdica.
Tempo ocioso é algo escasso na família, pois além de produzir eventos, Carolina acompanha o marido, Igor d’Ávila, vocalista da banda de black metal Delicta Carnis, nos shows que o grupo faz pelo Estado.
Filho de peixe…
A filha mais velha da produtora, Cristal, também é uma amante da música e da arte, e assim como o pai, encontrou no palco o lugar perfeito para expressar a criatividade.
Apesar dos pais headbangers, a jovem encontrou em outro gênero musical a melhor forma de se expressar: o rap.
Ela já dividiu o palco com nomes importantes da cena, como César MC, um dos mais respeitados rappers da nova geração brasileira. Para o caminho artístico, Cristal conta com o apoio incondicional da mãe.
“A Cristal canta desde pequena e tem aberto caminhos importantes na música. Além dos próprios trabalhos, ela também está sempre em parceria com outros artistas capixabas. Ao contrário da mãe ‘headbanger’, a Cristal optou pelo rap e tem nosso apoio incondicional”, conta Carolina.
Já o filho mais novo, Ares, também é chegado em um “bate cabeça” e, como conta a mãe, já toca guitarra muito bem e está pronto para estrear com a banda que formou com os amigos na escola de música.
“Meu filho é fã de heavy metal. Assim como a Cristal, ele também tem nosso apoio incondicional. O lance dele é a guitarra, faz aula e vai fazer sua primeira apresentação agora em maio, com a banda formada na escola de música”, disse a mãe.
Família artística
Dizem que netos são filhos com açúcar, e Carolina não esconde o amor pelo pequeno Apolo ao contar que ele já se destaca, com um talento herdado do avô e da mãe: os três são ótimos desenhistas.
“A onda dele é desenhar, e desenha muito bem! Puxou isso da mãe, Cristal, e do avô, Igor, que também carregam com eles o dom de desenhar. Logo, logo já irá para cursos de desenho para aprimorar suas técnicas”, diz, com orgulho.
Carolina conta que nasceu e cresceu em uma família de amantes da arte e da cultura, isso fez com que o processo de repassar esta paixão para os filhos fosse algo muito natural, uma continuidade da própria criação.
E como coincidências não são poucas na família, os pais do marido, Igor, também são grandes amantes da arte. O sogro da produtora de eventos, para se ter ideia, é um primo de primeiro grau do pequeno gigante, o cantor mineiro Nelson Ned.
Para Carolina, o palco é o solo sagrado para os filhos e o marido, o que realmente a emociona, é estar atrás dele, nos bastidores.
“Minha praia é a produção cultural. Gosto da agitação dos bastidores, é ali que eu me encontro, que meu coração pulsa com satisfação.”
Metaleira coruja
Existe uma certa incompreensão quando o assunto são fãs de heavy metal. O estilo, conhecido pela agressividade musical, costuma afastar alguns ouvidos pouco acostumados com a pancadaria sonora.
No fim do dia, no entanto, apreciadores de arte extrema são realmente isso: entusiastas da música, muitas vezes, dos mais diversos estilos.
E é disso que a produtora fala: a diversidade é fundamental para manter a arte e a cultura vivas, seja qual expressão elas tomem.
Para Carolina, ver os filhos interessados por artes plásticas, rap, heavy metal, cultura em geral, é um grande presente, e não esconde: é uma mãe coruja.
A diversidade é parte intrínseca da minha família, e eu amo isso. Eu sou babona, dessas que mostra os trampos dos filhos para todo mundo. Mãe coruja. A verdade é que eu morro de orgulho dos meus filhos e neto. Sou uma grande sortuda, afirma.
E o que pensam os filhos?
Não é só a mãe que se derrete ao ver os talentos e o trabalho dos filhos. O amor é recíproco e se traduz, muitas vezes, em inspiração e admiração.
Cristal, filha mais velha da produtora cultural, não esconde o papel da mãe em ter moldado seu amor pela arte. Não apenas isso, enxerga em Carolina um porto seguro, com quem divide sonhos, recebe conselhos e com quem aprende a ser uma pessoa forte.
Minha mãe é a pessoa que, na prática, me ensina o que devo ou não fazer, com conselhos, atitudes, e tenho muito orgulho de quem a minha mãe tem se tornado também, porque compartilho da ideia de que as mulheres estão em constante evolução quando são independentes como ela. É importante aprender a ser livre e tenho muita sorte dela ser minha mãe.
Cristal conta que a proximidade da família faz com que ela admire ainda mais a mãe, que a ensina também importantes lições sobre a maternidade.
A jovem nasceu em Minas Gerais, quando Carolina tinha apenas 21 anos, e garante: a mãe sempre foi uma pessoa carinhosa e um grande diferencial em sua personalidade.
“Nossa relação é uma das coisas mais importantes que tenho, e o mais importante é que ela me incentiva diariamente a ser uma mãe melhor também. Acredito que a maternidade é um exercício, uma constante e não algo designado, então acredito que minha mãe faz parte de mim, assim como os filhos são um pedaço da mãe fora do corpo”.
Inspiração na arte e na vida
Não apenas como pessoa, Cristal enxerga na mãe uma inspiração sobre como a arte pode ser uma forma de moldar e mudar o mundo. Sempre acompanhando os pais em shows.
Segundo ela, a mãe a ensinou a estar onde quiser, ocupar espaços. Como artista e como ser humano.
Hoje em dia ela me incentiva a ocupar espaços e fazer coisas que são positivas tanto num âmbito pessoal, quanto profissional e social.