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Documentário "1960" terá nova exibição no Cine Pernambuco

Documentário “1960” terá nova exibição no Cine Pernambuco Documentário “1960” terá nova exibição no Cine Pernambuco Documentário “1960” terá nova exibição no Cine Pernambuco Documentário “1960” terá nova exibição no Cine Pernambuco

Recife – Dois documentários de temas e estilos diversos integram a mostra competitiva do gênero no 18.º Cine PE. O primeiro deles, exibido na noite de domingo, foi 1960, de Rodrigo Areias. O outro, E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto, passou nesta segunda-feira, 28, à noite. 1960 passou tão tarde que boa parte, senão todo o público, desertou, e, por isso mesmo terá nova exibição nesta terça-feira, 29, à tarde, precedendo a premiação de documentários, que será à noite.

E Agora? Acompanha a via-crúcis de um soropositivo que, por mais de 20 anos, tem sido cobaia de experimentos para se manter vivo. Por meio desse personagem, e da sua vontade de viver, o diretor aborda o tema da poderosa indústria farmacêutica. Mas o filme é também o retrato desse homem e a viagem no tempo, nas lembranças, integra o filme no projeto de discutir a memória, que é o foco curatorial do crítico Rodrigo Fonseca. 1960 viaja em outro universo, o da arquitetura.

Rodrigo Eiras tem estado por trás de todos os filmes realizados na cidade portuguesa de Guimarães, com os recursos arregimentados quando ela foi a capital europeia da cultura, em 2012. Você se lembra de Centro Histórico, com o genial episódio de Victor Erice, e de 3X3-D, com curtas de, entre outros, Jean-Luc Godard e Peter Greenaway. 1960 baseia-se no Diário de Bordo do arquiteto Fernando Távora. Há 54 anos – em 1960 – ele deu uma volta ao mundo registrando em filmes domésticos em super-8 suas impressões sobre os países que visitava, e o seus prédios.

Os filmes de época dão certa precariedade ao longa, mas é justamente esse registro antigo que faz a beleza do filme. Nova York, Tóquio, Moscou, Hollywood, Paris, São Paulo, Cidade do México. Não apenas o olhar, mas o texto de Távora nos conduz nessa viagem pela memória das cidades. O que são os prédios? Qual é o sentido da arquitetura senão servir ao homem? Távora aproveita e tece discursos sobre comportamento, sobre arte. Critica Ben-Hur, o grande êxito nos cinemas norte-americanos em 1960. Sai da desumanidade de Nova York, que já era uma megalópole e cai no caos da Cidade do México. Descobre a vida em prédios que mesclam estilos, ou que não têm estilo nenhum, mas têm gente.

É a pergunta do filme – o quer é a arquitetura sem gente? Em São Paulo, Areias resgata o filme que Fernando Távora fez sobre o Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, no Centro da Cidade. Com liberdade poéticas, mostra um áudio radiofônico de 1960, sobre a renúncia de Jânio Quadros, e chega às manifestações de meados do ano passado, em pleno governo Dilma Rousseff, meio século depois. É um trabalho bonito, delicado. Deve interessar mais que aos arquitetos, somente. Em Berlim, em fevereiro, já houve Catedrais da Cultura. O tema da arquitetura ganha espaço nos festivais. A par da estética, se isso ajudar a discutir o planejamento urbano, o resultado será mais que compensatório. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.