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Elke Maravilha foi brincar de outra coisa, como ela mesma dizia

Elke Maravilha foi brincar de outra coisa, como ela mesma dizia Elke Maravilha foi brincar de outra coisa, como ela mesma dizia Elke Maravilha foi brincar de outra coisa, como ela mesma dizia Elke Maravilha foi brincar de outra coisa, como ela mesma dizia

– Manequim, modelo, jurada, apresentadora e atriz – Elke Giorgievna Grunnupp foi um monte de coisas, mas foi principalmente aquela persona exuberante que se impôs, graças à televisão e ao cinema, no imaginário brasileiro.

Criou bordões, como chamar seu público, independente da idade, de ‘Crianças’. Ele morreu na madrugada desta terça-feira, 16, numa clínica do Rio. Tinha 71 anos e estava em coma induzido. Sofria de diabetes e não respondeu à medicação após uma cirurgia de úlcera. Mas ela não morreu. Não. Foi brincar de outra coisa, como dizia que ocorreria um dia.

Ela nasceu na Rússia, em Leningrado, e veio criança para o Brasil. Foi expoente do chamado ‘movimento pornô’, que não tinha nada de pornografias convencional, nem de erotismo, e era muito mais arte de resistência. No cinema desde 1970, trabalhou com grandes diretores – Cacá Diegues, Júlio Bressane, Nelson Pereira dos Santos, Hector Babenco, Miguel Borges.

Às vezes eram pequenos papeis, ou então era ela mesma. Mas, em 2006 – há dez anos! -, Sérgio Rezende fez dela personagem de seu longa Zuzu Angel, lembrando a gente de outra faceta daquela mulher alegre e que até passava uma ideia de alienação. Elke foi guerreira contra a ditadura cívico-militar, segurando a onda da amiga estilista que afrontava e enfrentava o sistema, berrando alto e forte por seu direito de mãe de enterrar o filho morto pela repressão. O movimento pornô tinha esse caráter de oposição aos militares.

Na TV, foi jurada do Chacrinha e do Show de Calouros. Andrucha Waddington colocou-a, também como personagem, em seu vibrante musical sobre o ‘velho guerreiro’. Teve programa próprio – Elke Maravilha -, participou de novelas, do Big Brother Brasil 4. No cinema, a lista de filmes é enorme – Barão Otelo no Barato dos Milhões, Os Machões, Quando o Carnaval Chegar, O Rei do Baralho, Xica da Silva, Tenda dos Milagres, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Romance, A Suprema Felicidade, Meu Passado Me Condena e um monte de etc. O último papel foi em Carrossel 2 – O Sumiço da Maria Joaquina.

Nããooo, não foi. Esse foi o último que você já viu, mas tem mais. Em setembro estreia Lua em Sagitário, de Márcio Pinheiro. Esse, sim, vai ser – infelizmente – o último. Um romance jovem contra o pano de fundo da questão agrária no Brasil. Pois é, a despedida mesmo vai ser num filme engajado. Mais uma vez, Elke quis surpreender a todos nós, suas ‘crianças’.