
Três candidatas ao Miss Universo 2025 renunciaram aos títulos nacionais pelas redes sociais na última segunda-feira (24). A primeira delas foi Brigitta Schaback, Miss Estônia, em seguida vieram os anúncios de Olivia Yacé, Miss Costa do Marfim, e Camila Vitorino, Miss Portugal.
Nenhuma delas citou diretamente a vitória da Miss Universo, Fátima Bosch, do México, como motivo para a renúncia, porém algumas notícias apontavam uma possível fraude no concurso, envolvendo um contrato milionário assinado com uma empresa ligada ao pai da vencedora.
As misses expressaram sua decepção e revolta com a organização em suas redes sociais. Schaback, inicialmente, afirmou que seus valores não se alinhavam aos do Miss Universo, mas que ela iria continuar seu trabalho de promoção do empoderamento feminino de forma independente.
Algumas horas depois, ela revelou que o motivo para a saída era um escândalo por trás do concurso. A miss contou que tem recebido instruções para apoiar a organização internacional e que, por isso, decidiu renunciar.

“Infelizmente, houve muitos escândalos no concurso Miss Universo deste ano, e me pediram para apoiar a organização internacional do MU. Por esse motivo, decidi renunciar ao meu título”, escreveu em um story no Instagram.
Ela também apresentou apoio a Yacé, compartilhando o post de renúncia da Miss Costa do Marfim e escrevendo: “Não sou a única. Isso deve significar alguma coisa.”
Renúncia da Miss Costa do Marfim
Olivia Yacé, que ficou em quinto lugar no concurso, era considerada uma das favoritas para levar a coroa. Ela afirmou que a decisão de sair se deve ao fato de permanecer fiel aos seus valores.
Ao fim da mensagem publica em suas redes sociais, ela parabeniza a nova Miss Universo e deseja melhoras a Miss Jamaica, Gabrielle Henry, que se acidentou durante uma das fases do concurso.
Por fim, ela afirma que continuará em sua jornada, porém de forma diferente, com o objetivo de empoderar mulheres e meninas, especialmente as de “comunidades negra, africana, caribenha, americana e afrodescendente”.

Veja o anúncio completo:
Como representante da Costa do Marfim na competição Miss Universo 2025, em Bangkok, testemunhei em primeira mão que sou capaz de realizar grandes feitos apesar da adversidade. Mas, para continuar nesse caminho, preciso permanecer fiel aos meus valores: respeito, dignidade, excelência e igualdade de oportunidades — os pilares mais fortes que me guiam.
Com o coração cheio de gratidão e profundo respeito, anuncio minha renúncia ao título de Miss Universo África e Oceania, bem como de qualquer futura afiliação ao Comitê do Miss Universo.Ao longo da minha jornada como embaixadora e rainha da beleza, servi com comprometimento, resiliência, disciplina e determinação.
No entanto, para alcançar totalmente meu potencial, preciso permanecer firmemente ancorada em meus valores, que guiam os princípios que pavimentam o caminho para a excelência.Como declarei no palco, meu maior desejo é ser um modelo para a nova geração, especialmente meninas jovens. Eu as encorajo a superarem seus limites, a entrarem com confiança em espaços onde acreditam não pertencer, e a abraçarem com orgulho sua identidade.
É esse compromisso de ser uma influência positiva que guia minha decisão hoje. Afastar-me desse papel reduzido de Miss Universo África e Oceania me permitirá dedicar-me totalmente à defesa dos valores que tanto prezo.
Conclamo as comunidades negra, africana, caribenha, americana e afrodescendente: continuem entrando em espaços onde não são esperadas. Abramos caminho para os irmãos e irmãs que virão depois de nós. Nunca deixem que alguém defina quem somos ou limite nosso potencial. Nossa presença importa, e nossas vozes precisam ser ouvidas.
Também gostaria de estender minhas congratulações à nova Miss Universo.
Desejo uma rápida recuperação à Miss Universo Jamaica e envio todo o meu carinho.Sou profundamente grata pelo apoio que recebi e pelas experiências inesquecíveis que me moldaram. Agora seguirei minha jornada de forma diferente, com a mesma determinação de elevar e inspirar.
Obrigada a todos que fizeram parte dessa aventura excepcional. Continuemos a defender nossos valores e buscar a grandeza juntos.
É A HORA DA ÁFRICA.
Com amor e respeito,
Olivia Yacé, Miss Costa do Marfim.
Renúncia da Miss Portugal
Schaback também republicou o post de retirada de Camila Vitorino, onde a miss afirma que irá se manifestar para proteger a sua integridade.
Em seu comunicado, a Miss Portugal afirma que cumpriu tudo que foi solicitado pela organização, de coração aberto, seguindo seus princípios e respeitando aqueles que compartilharam essa jornada.

Ela destaca que não se sente representada de forma justa pela organização Miss Universo e que não irá responsabilizar as 120 candidatas que “também enfrentaram a mesma incerteza e ansiedade nos últimos dias.”
Em seu texto, ela revela que com o passar do tempo percebeu que o que a organização espera de uma rainha não está alinhado ao seu propósito. De acordo com Vitorino, em uma conversa entre a organização e os competidores, foi dito que a rainha reinante não tinha namorado porque não tinha tempo.
“O casamento me ensinou o verdadeiro compromisso: com outra pessoa, com um propósito, com uma organização. A maternidade desenhou em mim a necessidade de humildade e da concretização dos meus objetivos”, disse Vitorino.
Ela termina o anúncio afirmando que seguirá fiel aos seus valores e enviando um recado para mulheres e meninas.
Veja a renúncia completa:
Eu sou, por natureza, alguém que escolhe o silêncio. Não porque duvido do poder da minha voz, mas porque sempre acreditei que as ações falam mais do que as palavras. No entanto, à luz dos acontecimentos recentes, sinto-me obrigada a falar, não para me justificar, mas para proteger o que é legitimamente meu: minha integridade.
Quanto ao meu comportamento ao longo da competição, posso dizer com total confiança que fui exemplar. Nunca fiz ninguém esperar, todas as vezes que o nome do meu país era chamado durante os ensaios, eu já estava preparada. Cumpri todos os pedidos feitos pela organização, mesmo nos momentos mais desafiadores.
Ouvi especulações de que minha entrevista pode não ter sido forte. Essa percepção pode derivar do fato de que o tema principal era maternidade. Mesmo assim, me esforcei para destacar outros valores compartilhando a minha jornada pessoal e meu projeto social, embora sinta que esses aspectos não receberam muito peso. Dentro do tema que me foi apresentado, acredito que a entrevista correu bem, pois pude articular claramente os valores profundos que o casamento e a maternidade trouxeram para a minha vida, valores que carrego com orgulho.
Nesta altura, já não me sinto representada pelos princípios que a organização Miss Universo desferem. Acho profundamente injusto culpar o comportamento de 120 candidatas que suportaram 20 dias de incerteza, pressão, e às vezes, até medo.
Vou destacar um momento específico em que soube que minha jornada havia chegado ao fim. Durante a conversa entre a organização e os competidores, foi dito que a rainha reinante não tinha namorado porque não havia tempo, que seu compromissos era com a comunidade, a educação e o “casamento” com o projeto. O meu coração apertou. Eu congelei. Olhei em volta, esperando ter entendido errado. Várias competidoras, casadas ou em relacionamentos como eu, ficaram visivelmente magoadas. No entanto, escolhi a fé. Escolhi demonstrar até o fim, o que realmente me guia.
O casamento me ensinou o verdadeiro compromisso: com outra pessoa, com um propósito, com uma organização. A maternidade desenhou em mim a necessidade de humildade e da concretização dos meus objetivos.
A minha participação no palco global nunca foi apenas sobre realizar um sonho pessoal. Tratava-se sobretudo de representar todas as meninas que sonham com em começar uma família e também sonham em se tornarem rainhas de beleza. Para aqueles que, como eu, cresceram sem entender o que uma família significa, quero que saibam: podem ser os dois. Porque nós, como mulheres, somos inegavelmente poderosas.
Continuarei a viver cada dia comprometida com esta missão. Continuarei a defender esses valores. Porque eu acredito neles. E porque a minha verdade não requer validação daqueles que não à veem.
Às mulheres, mães e meninas que sonham:
Nunca permitam que ninguém a confina. Nunca aceitem que lhe digam que vocês devem escolher entre o amor e a ambição, entre a família e o palco, entre quem tu és e quem aspira ser. A tua força é ilimitada. Tu és incomparável. E o mundo precisa da tua autenticidade, agora mais do que nunca.
O futuro pertence às mulheres que se atrevem a acreditar em si mesmas.
Com amor e respeito,
Camila Vitorino, Miss Portugal.
Polêmicas no Miss Universo
Neste domingo (23), o presidente do Miss Universo, Raul Rocha Cantú, declarou em suas redes sociais que reportagens e publicações tendem a “desinformar, confundir e manipular uma audiência que acredita que elas exercem um jornalismo com ‘a verdade’. Ele destacou que, na verdade, as informações são sensacionalistas e oportunistas.
Em seu comunicado, Cantú ainda argumentou que a relação profissional das empresas ocorreu anos antes da competição deste ano e que não havia vínculo com a empresa ligada ao pai da vencedora do Miss Universo.
Além das notícias sobre fraude, outra polêmica também havia tomado conta do concurso, quando Fátima Bosch foi insultada pelo coordenador do Miss Universo Tailândia, Nawat Itsaragrisil, que fez comentários depreciativos sobre ela durante uma transmissão pública.
O empresário chegou a chamar a miss de “estúpida” por uma aparente falha em publicar conteúdo promocional sobre a Tailândia em suas redes sociais, o que provocou uma reação negativa.
Após o episódio de hostilidade sofrido pela mexicana, o presidente do Miss Universo divulgou um vídeo demonstrando “indignação e repúdio” às declarações de Nawat.
Fátima Bosch foi coroada Miss Universo no último dia 21.

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos, com informações dos portais Estadão, Hugo Gloss e El Nuevo Dia.