
O Dia de Finados convida à pausa e à reflexão sobre a impermanência. Dia 2 de novembro é a data em que lembranças ganham corpo, e a literatura pode fazer o papel de acolher e ajudar a lidar com o luto.
Nesta seleção de quatro títulos, diferentes vozes abordam o luto sob perspectivas que atravessam a intimidade, a ciência, a filosofia e a espiritualidade.
Nos livros, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, as brasileiras Cynthia Pereira de Araújo e Ana Claudia Quintana Arantes e a americana Mary-Frances O’Connor buscam respostas a esse que é um dos maiores desafios individuais da humanidade: como conviver com o luto.
Confira livros para aprender a lidar com o luto:
Notas Sobre o Luto
No livro Notas Sobre o Luto, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie escreve um relato sobre a dor da perda e a resiliência humana. A obra surgiu após o falecimento de seu pai, em junho de 2020, em um momento particularmente difícil marcado pela pandemia de Covid-19, que manteve a família Adichie geograficamente distante. Longe de ser apenas um diário da tristeza, o livro se aprofunda na investigação da memória e da esperança que persistem naqueles que vivenciam a partida de um ente querido.
A Vida Afinal
A advogada da União e pesquisadora em bioética Cynthia Pereira de Araújo registra, no livro A Vida Afinal, um relato corajoso e comovente que confronta os tabus sociais em torno de doenças graves, finitude e morte. Mesclando relatos pessoais, reflexões filosóficas e análises nos campos médico e jurídico, a autora convida o público a uma revisão profunda da maneira como a sociedade e os sistemas de saúde abordam o adoecimento e as decisões sobre tratamentos em estágios avançados.
A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver
Ana Claudia Quintana Arantes, uma das maiores referências em cuidados paliativos no Brasil, inverte a lógica do senso comum em seu best-seller A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver. No livro, a autora argumenta que, enquanto a sociedade ensina a “arte de ganhar”, ela falha miseravelmente em preparar os indivíduos para a “arte de perder” bens, pessoas e sonhos, resultando em grande sofrimento. Ana Claudia defende que o verdadeiro motivo de angústia não deveria ser a morte em si, mas sim a possibilidade de chegar ao fim sem ter aproveitado plenamente o tempo concedido. O objetivo final é transformar o saber perder na verdadeira arte de quem soube viver plenamente o que ganhou.
O Cérebro de Luto
A pesquisadora e professora de psicologia norte-americana Mary-Frances O’Connor oferece uma visão inédita sobre o sofrimento humano no livro O Cérebro de Luto, explorando a intersecção entre neurociência e a dor. A obra propõe desvendar como o nosso cérebro reage ao luto, fornecendo uma explicação biológica para o intenso turbilhão de emoções que acompanham a perda. A análise da neurocientista abrange não apenas o luto pela morte, mas também outras perdas significativas, como o fim de um relacionamento, uma demissão ou as limitações impostas por uma doença.