Você tem medo de dentista? Você tem medo de dentista? Você tem medo de dentista? Você tem medo de dentista?
Você tem medo de dentista?

De acordo com estudos da área, a aversão ao dentista afeta cerca de 10% da população mundial. Ela é caracterizada por uma resposta de nervosismo, medo e outras reações desagradáveis, diante de tudo o que está relacionado a consultas odontológicas. Invariavelmente a manifestação dessa fobia acontece na infância, e é resultante de uma educação equivocada em relação à saúde bucal, enfatiza a dentista, Fernanda Selga, da Clínica Integra.

Ela sinaliza a importância de os pais e demais responsáveis procurarem não relacionar o dentista na lista de punições para os pequenos. Segundo ela é comum se ameaçar as crianças com uma ida ao dentista em caso da recusa em escovar os dentes, ressaltando-se a necessidade de escovação do dente para não ter cárie, pois se tiver cárie, vai doer e, “se doer, vai ter que ir ao dentista! E nesse caso, fica parecendo que o dentista é pior que a dor!”, observa a Dra. Fernanda.

Esse pequeno exemplo mostra como temos uma educação equivocada em relação à nossa saúde bucal! A dentista reconhece que teve uma formação muito mais voltada para a reabilitação, do que para a prevenção e mudou totalmente o seu foco depois de um episódio familiar. Com dois filhos, no dia do aniversário de 4 anos do mais velho, este caiu de boca no chão e fraturou o dente da frente, que começou a sangrar imediatamente. Ali ela percebeu que teria que submetê-lo a um tratamento de canal e ficou arrasada, pois lembrou que ele teria que ir ao consultório dentário para ter uma experiência bastante desagradável.

Como dentista, ela sempre fez os procedimentos de prevenção e profilaxia, com aplicação de flúor, em casa. “Quando o levei ao consultório pela primeira vez, foi nessa situação de urgência, onde havia dor, pois ele tinha sofrido um trauma, uma fratura, e houve a necessidade de um procedimento mais invasivo. Qual foi a experiência marcada na cabeça dele? Consultório é como um hospital, um lugar em que vamos quando estamos doentes ou machucados e há muita dor envolvida!” e ela percebeu que o filho levaria esse desconforto pelo resto de sua vida, pois ela não havia oferecido uma vivência mais natural e até divertida, do filho, no dentista.

Uma lição que a Dra. Fernanda procurou solucionar com a filha. “Quando fui mãe pela segunda vez, com minha filha, fiz tudo diferente. Desde bebê, aos seis meses, eu a levava ao consultório, para ambientação e, a partir de um ano de idade, para fazer avaliação e limpeza. Ela adorava, ao contrário do irmão. Aos 4 anos vi que ela precisava de um tratamento ortopédico precoce, para estimular o correto o crescimento da sua face, e ela ficou super feliz com a instalação do aparelho. E como a soma de todas as experiências dela no consultório foram lúdicas, e não invasivas, quando ela precisou fazer um procedimento mais invasivo, estava super adaptada. Já o irmão precisou de muito tempo para superar o trauma. E como precisou fazer também um tratamento odontológico ortodôntico, a dificuldade foi bem maior, de adaptação e enfrentamento”, conclui.

A Dra. Fernanda Selga respondeu a algumas perguntas do FOLHINHA KIDS, e também deu conselhos para a família sobre educação em Saúde Integral e em Saúde Bucal. E ofereceu algumas dicas também.

FK – Qual o motivo de as crianças temerem o dentista?
O principal motivo é o medo hereditário, de pai ou de mãe, que tiveram más experiências no dentista, e passam essa experiência aos filhos. E o segundo motivo é o mesmo que causou o medo no meu filho mais velho, ou seja, o desconhecimento da atividade do dentista, e fazer a primeira visita, numa situação de desconforto – urgência ou emergência – como o de uma fratura ou dor.

FK – Inclusive tem muito adulto que segue vida afora com esse temor excessivo, não é mesmo?
Com certeza! E isso se deve ao fato de só se procurar um dentista como um hospital, para resolver urgências e emergências, o que acarreta desconforto e sensação de apreensão e medo. É preciso que se estabeleça um vínculo, visando criar familiaridade, para diagnóstico precoce, manutenção da saúde, e prevenção. Contudo, normalmente, o contato com o dentista é feito quando já se está com algo grave. Aí advém a necessidade da ocorrência de procedimentos muito invasivos.

FK – Qual o conselho você tem para dar aos pais com filhos pequenos, em relação a melhor idade para levá-los ao dentista?

Na verdade o indicado é que futuros pais e mães já façam um check-up odontológico na gestação, para que lhes sejam dadas várias informações desde a gestação. Mas para quem já teve seu bebê, e não fez esse acompanhamento, é fundamental, que se faça uma consulta com o bebê para avaliação da mãe quanto à postura da amamentação, higiene das gengivas e língua… E após esse momento retornar ao consultório com a criança, tão logo inicie a erupção dos dentes de leite. A partir deste momento. O retorno a cada seis meses para avaliação do crescimento da face, posição das arcadas dos dentes e hábitos de sucção são procedimentos indispensáveis. A Odontologia não trata apenas dentes, mas sim todo um desenvolvimento da face que é muito importante que seja direcionado desde a mais tenra infância.

FK – Quais os artifícios você utiliza em seu consultório para que as crianças não desenvolvam esse temor?
Primeiro de tudo um atendimento humanizado, e usando bichos de estimação, mostrando o que será feito na boca da criança, tecnologia de imagem com câmera intrabucal para, e depois no momento de realizar o procedimento colocamos a criança para assistir na televisão em frente a cadeira o que ela quiser.

FK – Como pais e educadores podem ajudar às crianças em relação à educação em saúde ?
Primeiro mostrando que nós os dentistas, somos profissionais de saúde, e não de doença. E ir conscientizando as crianças desde cedo, por meio de check-up odontológico e consultas de prevenção. Prevenir é sempre melhor do que remediar, além de ser muito mais barato.