Espetáculo ‘The Old Woman’ estreia amanhã em SP Espetáculo ‘The Old Woman’ estreia amanhã em SP Espetáculo ‘The Old Woman’ estreia amanhã em SP Espetáculo ‘The Old Woman’ estreia amanhã em SP

São Paulo – Depois de passar por Paris, Milão e Nova York, o espetáculo The Old Woman (A Velha), do diretor Robert Wilson, chega ao Brasil nesta quinta-feira, 24. Apenas por se tratar de uma criação do encenador norte-americano, o espetáculo já mobilizaria o circuito cultural da cidade. Mas o interesse pela obra aumenta consideravelmente por reunir no palco Willem Dafoe e Mikhail Baryshnikov.

A dois dias da estreia, que acontece no Sesc Pinheiros, os dois se encontraram com jornalistas na tarde dessa terça-feira, 22, para falar sobre o processo de criação da obra, os desafios de trabalhar com Wilson, conhecido por seu apuro formal e sua recusa ao naturalismo, além da empatia que ambos têm demonstrado em cena.

É a primeira vez que o ator, conhecido do público por filmes como Homem Aranha e Anticristo, e o bailarino russo trabalham juntos. “Mas é a segunda vez que participo de uma obra de Wilson”, contou Dafoe, que já esteve com o diretor na peça a Vida e Morte de Marina Abramovic. “Para mim, uma das coisas mais bonitas do seu teatro é a artificialidade. Eu fui formado por um teatro formal e acho que não pode haver nada mais belo que um ator se transformar em uma coisa, uma luz, uma arquitetura.”

Ainda que essa seja sua estreia sob a batuta de Bob Wilson, Baryshnikov falou sobre sua longa relação de amizade e admiração com o encenador. “De quando em quando a gente se encontrava, jantava, e dizia um para o outro: ‘ainda temos que trabalhar juntos’. Um dia, a proposta veio finalmente. E com a obra de um autor russo, que eu conhecia desde a infância.”

The Old Woman é uma adaptação da obra de Daniil Kharms, autor de vanguarda que costuma ser comparado a Samuel Beckett e Ionesco. Na encenação, o diretor concentra as dezenas de personagens que aparecem no original em apenas dois homens. O estilo é aquele que já notabilizou Wilson: apuro visual, valorização do silêncio e das inflexões da voz, uso da iluminação como forma de linguagem, além de uma maquiagem que torna as faces dos atores brancas, como no teatro kabuki.

“Essa aparência tem a ver com o apego do diretor às formas orientais. Mas Wilson não está imitando as coisas, está criando uma linguagem. E ele te dá indicações tão precisas do que fazer que isso acaba te proporcionando uma enorme liberdade. Me vi fazendo coisas que nunca imaginei”, considera Baryshnikov.

A preparação para o espetáculo durou cerca de dois anos. Em cena, os intérpretes devem mostrar um trabalho que extrapola o campo verbal para também valorizar os aspectos físicos e corporais . “Não tivemos nenhum treinamento especial, mas o diretor acaba conseguindo isso nos colocando sempre em situações desconfortáveis”, comentou Dafoe, que faz aniversário nesta quarta-feira, 23, mas vai preferir adiar a comemoração para depois da estreia. Logo após a temporada em São Paulo, que se estende até o dia 3/8, a peça segue para a Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, onde fica em cartaz entre os dias 8 e 10/8.