Os laudos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indicam que a intoxicação sofrida pelo rapper Gustavo da Hungria Neves, conhecido como Hungria Hip Hop, de 34 anos, não foi causada por metanol. A perícia analisou duas amostras da vodca ingerida pelo cantor e não encontrou presença da substância tóxica.
Entretanto, a análise química confirmou que uma das bebidas consumidas pelo artista era falsificada. A distribuidora Amsterdan, em Vicente Pires, responsável pela venda, foi interditada por operar sem licença e por indícios de comercialização de bebidas clandestinas. Todo o estoque suspeito foi apreendido.
Sintomas eram parecidos com a intoxicação por metanol
Na tarde desta sexta-feira (3), a equipe médica responsável pelo tratamento do cantor realizou coletiva de imprensa. Segundo o médico assistente Leandro Machado, Hungria apresenta melhora clínica.
O rapper teve visão turva, forte dor de cabeça, náuseas e outros sintomas parecidos com a intoxicação por metanol, mas já foi avaliado por oftalmologistas. “Ele não corre risco de perder a visão”, afirmou a equipe. Hungria segue internado no Hospital DF Star, em Brasília.
A PCDF deve ouvir, na próxima semana, os comerciantes que venderam as bebidas ingeridas pelo cantor. Equipes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), em conjunto com Vigilância Sanitária, Anvisa e Ministério da Agricultura, recolheram amostras de bebidas em supermercados e distribuidoras de Brasília, encaminhadas ao Instituto de Criminalística para perícia.
Entenda o caso
Hungria começou a passar mal após ingerir bebida alcoólica, dias depois de realizar shows em Marília, São João da Boa Vista e São Bernardo do Campo, em São Paulo. Todos os shows marcados para o fim de semana foram suspensos por orientação médica.
No boletim médico divulgado anteriormente, foram registrados sintomas como forte dor de cabeça, náuseas, vômitos, visão embaçada e acidose metabólica — quadro comum em casos de intoxicação. Apesar do susto, o cantor está consciente, estável e fora de risco iminente.
Somente no estado de São Paulo, 10 casos de intoxicação por metanol foram confirmados, com uma morte e outras cinco sob investigação. O consumo de metanol é extremamente perigoso, podendo causar danos graves ao fígado, cérebro, visão e sistema nervoso, além de risco de morte.
Hungria ainda não se pronunciou pessoalmente sobre o ocorrido, mas recebe mensagens de apoio de fãs nas redes sociais.
Brasil tem 48 casos em investigação de intoxicação por metanol
O Brasil registra 48 casos em investigação relacionados à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira (2). O balanço foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha, em entrevista à imprensa na Sala de Situação, instalada pelo governo para monitorar os casos e coordenar as medidas de resposta.
Ao todo, o ministério já confirmou 11 casos por meio de detecção laboratorial da presença do metanol por um Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs).
Inicialmente, o ministro havia confirmado um 12º caso em Brasília. Mas o ministério recuou e informou que o caso do rapper Hungria ainda é contabilizado como suspeito.
Apenas uma morte decorrente desse tipo de intoxicação foi confirmada pelo Ministério da Saúde no estado de São Paulo. Mais sete óbitos seguem em investigação, sendo dois em Pernambuco e os outros cinco também em São Paulo.
*Com informações da Colunista Mirelle Pinheiro do Jornal Metrópoles.