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Festival Sesc de Música de Câmara terá 12 atrações

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São Paulo – A música de câmara costuma ser associada ao intimismo no modo como instrumentos se combinam, à sutileza da escrita dos maiores compositores da história, a experiências auditivas únicas. A ênfase com que se defende a aura do gênero, no entanto, não costuma ser a mesma com a qual se abrem espaços a ele na programação. Mas um novo festival, que começa nesta quarta-feira, 26, e vai ocupar palcos de todo o Estado, pretende preencher essa lacuna.

“Sempre me incomodou a uniformidade da escuta. Na música popular, ela é óbvia. Mas também acontece na clássica, que está muito associada ao repertório sinfônico”, explica a curadora do Festival Sesc de Música de Câmara, Claudia Toni. “Com a ênfase nas orquestras, se dá uma escuta mais preocupada com o espetacular do que com o valor intrínseco das obras e isso levou a uma perda na nossa qualidade auditiva. Restamos com ouvidos embrutecidos, que não prestam atenção à sutileza de obras mais contidas que, na verdade, formam a maior parte da produção dos compositores.”

Foi com essa ideia em mente que ela montou a programação com 12 atrações, que vão se apresentar em dez unidades do Sesc: Vila Mariana, Consolação, Bom Retiro, Belenzinho e Pinheiros, na capital, e Santo André, São Carlos, Araraquara, Sorocaba e Santos. As atrações revelam um universo bastante diverso, com grupos como o Karbido, que faz música utilizando uma mesa de madeira; o Song of the Goat Theatre, que propõe ligação original entre teatro e música; o quarteto vocal Anonymous 4; ou o quinteto de sopros holandês Calefax. Serão 3 quartetos de cordas: Kronos, Lutoslawsky e Carlos Gomes. Luis Otávio Santos comanda os Músicos de Capella e Toningo Ferraguti apresenta-se com um Quinteto de Cordas. Participam ainda o Brasil Guitard Duo e os pianistas Cristian Budu e Cristina Ortiz.

Sobre a escolha dos grupos, Claudia Toni conta que procurou fugir do óbvio. “Quando se faz música de câmara no Brasil, normalmente o repertório é convencional. Não quero mudar a cabeça das grandes sociedades promotoras de concertos, mas tenho que apostar no futuro. E mostrar o que de novo está sendo experimentado mundo afora. Você pode dizer: o quarteto Kronos já esteve no Brasil. Mas isso foi há 20 anos! Ou seja, há uma nova geração que não viu o grupo no palco. Espero que boa parte de nossas plateias seja composta por jovens músicos. E que eles assistam às apresentações e se sintam estimulados, entendam que o nosso recado é: vão, façam vocês também, experimentem.”

O contato com jovens músicos – e a revelação, para eles, de um novo mercado – é uma das preocupações de Claudia. “Com exceção de Londres, que tem sete orquestras, todas as grandes cidades do mundo costumam ter dois grupos: uma sinfônica e uma orquestra de ópera. Ou seja, há emprego para 200 instrumentistas. A atenção à música de câmara não serve apenas para refinar nossa escuta, como plateia. Ela também abre um mercado para os milhares de jovens músicos que estão se formando e não podem ter a atividade orquestral como único objetivo profissional.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.