Disney volta aos cinemas com uma ótima sequência animada! (Foto: Reprodução/X/@DisneyAnimation)
Disney volta aos cinemas com uma ótima sequência animada! (Foto: Reprodução/X/@DisneyAnimation)

“Zootopia 2” chega com aquela energia rara de continuação que não pede desculpa por existir. Consciente do carinho que o primeiro filme conquistou ao longo dos anos, a nova animação entra em jogo disposta a brincar em um território maior e mais ambicioso.

A sensação inicial é de reencontro com velhos amigos que amadureceram, que agora têm muito mais a dizer sobre o mundo fantástico em que vivem e ainda guardam muitos segredos a serem revelados.

Crescer juntos exige encarar limites

A história não perde tempo tentando reinventar Judy Hopps e Nick Wilde. Eles continuam sendo o coração pulsante da narrativa, mas agora enfrentam algo mais complexo do que um simples caso policial: o desgaste da parceria.

Ainda existe muito humor, é claro, mas também desconforto, frustração e afeto sincero. A relação da dupla ganha nuances mais emocionais, sem cair em melodrama ou didatismo, o que torna tudo ainda mais envolvente.

A cidade de Zootopia, mais uma vez, vai além de ser apenas um cenário criativo, mas um organismo social cheio de camadas e cicatrizes históricas. A introdução dos répteis, ausentes no primeiro longa, não é apenas uma curiosidade biológica, mas uma chave para discutir apagamentos e versões “oficiais” da história que nem sempre contam tudo.

A dupla retorna com o mesmo carisma do primeiro filme (Foto: Reprodução/X/@DisneyAnimation)

Visualmente, a animação impressiona desde os primeiros minutos, afinal o nível de detalhe é absurdo, e a forma como os novos distritos são apresentados dá vontade de pausar o filme só para observar o fundo das cenas. A cidade parece maior, mais vibrante, e claro, muito mais interessante. As sequências de ação são ousadas, trazendo perseguições criativas e soluções visuais engenhosas.

Os novos personagens não deixam a desejar. Gary, a Cobra, entra em cena como peça central do mistério, é carismático, inesperado e funciona muito bem como contraponto à dupla principal. Outros coadjuvantes, sejam antigos ou novos, surgem no momento certo, com timing cômico afiado e funções bem definidas dentro da história.

Uma expansão de mundo muito divertida 

O roteiro também entende que não precisa repetir o impacto do primeiro filme para ser relevante. Entrando em debates sobre memória coletiva, transformação urbana, poder político e quem realmente se beneficia das mudanças vendidas como progresso. Os temas são complexos mas contados de uma forma simples e direta para todos os públicos.

Todas as críticas e mensagens da sequência são sentidas enquanto acompanha a jornada de Judy e Nick, afinal, elas estão nas escolhas dos personagens, nas consequências de seus atos e na forma como o mundo está reagindo a eles.

Certos conceitos e espaços apresentados dão um gostinho de quero mais e, certamente, podem ser melhor explorados em um possível terceiro filme, algo que parece já estar em mente pela Disney.

No fim das contas, “Zootopia 2” é exatamente o tipo de sequência que justifica revisitar um mundo já conhecido. Ele respeita o passado, expande o presente e planta sementes claras para o futuro, superando o original em alguns momentos.

É uma animação que diverte crianças, instiga adultos e prova que ainda há espaço para grandes histórias originais dentro da Disney Animation, principalmente levando em consideração os filmes horríveis que saíram nos últimos anos, como “Wish” e “Mundo Estranho”.

Se o primeiro filme ensinava a conviver com as diferenças, o segundo lembra que entender o passado é essencial para construir qualquer cidade, ou uma amizade, que pretenda durar.

Gabriel Miranda

Repórter

Jornalista em formação pela Estácio de Sá, faz parte da redação da TV Vitória e está à frente do quadro "Só Soundtrack Boa" na Jovem Pan Vitória. Com olhar atento e conhecimento de cinema e cultura pop, escreve sobre filmes, séries, bastidores e tudo que movimenta esse universo pop.

Jornalista em formação pela Estácio de Sá, faz parte da redação da TV Vitória e está à frente do quadro "Só Soundtrack Boa" na Jovem Pan Vitória. Com olhar atento e conhecimento de cinema e cultura pop, escreve sobre filmes, séries, bastidores e tudo que movimenta esse universo pop.