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Forma com conteúdo vira desafio na SPFW

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O que se espera de um desfile de moda? Mil coisas, mas é possível resumir em três: design, desejo e emoção. Felizmente, os três marcaram presença no terceiro dia desfiles da São Paulo Fashion Week. Infelizmente, nem sempre juntos.

Reinaldo Lourenço conseguiu unir design e desejo, forma e conteúdo. Depois de uma coleção inspirada em Kubrick, decidiu pegar carona no imaginário de A Garota da Motocicleta, estrelado por Marianne Faithfull e Alain Delon.

Um perfume fetichista permeou todo o desfile, que teve o couro como principal elemento. Recriações luxuosas de jaquetas e calças de motociclistas executadas primorosamente abriram o primeiro bloco da apresentação com geometrias desenhadas a partir de recortes do material em preto, vermelho e branco. Na sequência, o couro surgiu em detalhes da modelagem, marcando a cintura e decorando vestidos superfemininos, transparentes e esvoaçantes, um contraponto hard à delicadeza, bem ao estilo de Reinaldo. Outros destaques foram os vestidos e tops com torções e laços, e as peças gráficas com tons vibrantes e lavados.

O tipo de trabalho que Reinaldo oferece é autoral. Não está disponível nas várias redes de fast fashion daqui ou do mundo. Um veterano no evento, ele consegue costurar criação e negócios com maestria. Por isso, não é à toa o sucesso que faz com suas clientes, sempre a postos na primeira fila, todas vestidas com roupas da coleção mais recente. Quantos estilistas no Brasil podem se dar esse luxo?

Patricia Bonaldi é outra das poucas que pode. Um fenômeno comercial entre as marcas de uma nova geração da moda nacional, ela não quer reinventar a saia nem o guarda-roupa. Mas quer ser sucesso de vendas também fora do País. Desejo não falta. Em seu desfile do verão 2019, celebra um Brasil exportação com muitos florais, babados, fendas, transparências e bordados artesanais. Desta vez, incluiu maiôs e biquínis, com exuberância e sensualidade. É um “Brasil que eu quero” para gringo ver – e consumir.

A marca Aluf, de Ana Luisa Fernandes, e o estilista Lucas Leão abriram os trabalhos de passarela do Estufa, projeto dedicado a jovens criadores, inovação e empreendedorismo. Como esperado, ambos mostraram coleções de vocação experimental – e de design disruptivo . Na Aluf, destaca-se a alfaiataria tropicalizada, especialmente a do início da apresentação, combinando tops estruturados e calças mais fluidas. Lucas Leão faz uma moda livre, misturando cores, recursos e construções aparentemente desconexas – e bastante únicas.

Para o último desfile da noite, marcado para ocorrer após o fechamento desta edição, Ronaldo Fraga preparou uma coleção que desconstrói o conflito entre árabes e judeus sugerindo caminhos para lidarmos com nossa própria guerra. “A coleção fala de tolerância como um valor mínimo para o ser humano a essa altura do campeonato”, diz o estilista, tomado de emoção.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.