Entretenimento e Cultura

Fuerza Bruta resgata memória do Rock in Rio com festa de percussão

Fuerza Bruta resgata memória do Rock in Rio com festa de percussão Fuerza Bruta resgata memória do Rock in Rio com festa de percussão Fuerza Bruta resgata memória do Rock in Rio com festa de percussão Fuerza Bruta resgata memória do Rock in Rio com festa de percussão

Que o Rock in Rio é um grande parque de diversões, ninguém pode negar. De tempos em tempos, enquanto o público tenta descansar pelo gramado no primeiro fim de semana, fogos de artifício criam uma atmosfera de sonho num lugar onde a música é a grande estrela.

As luzes espalhadas também veem de baixo, dos espaços parceiros – empresas de aplicativos de encontro, bancos, fast food e chicletes – e também brilham bastante na Cidade do Rock. Essa ideia de preencher os sentidos costuma deixar muita gente deslumbrada, dividida entre fazer um selfie e gritar para seu artista favorito.

Quem domina muito bem essa arte de desconcertar e surpreender é a companhia argentina Fuerza Bruta. Queridinha dos palcos brasileiros, o Fuerza foi fundado em 2003 – e sem correspondente ou similar no Brasil – sempre apostou na espetacularidade, no brilho, em experiências imersivas e num barulho que é mais que bem-vindo no Rock In Rio.

No começo do ano, passaram por São Paulo, com apresentações lotadas. Antes de desembarcarem no Rio, estiveram em Curitiba e agora ficam pelo Parque Olímpico até o final da festa do Rock.

Para os 34 anos do festival, a companhia que já se apresentou nas principais capitais europeias, preparou um espetáculo inspirado na histórica trajetória do Rock in Rio. Não é pouca coisa. Pelo contrário, é difícil enumerar a constelação que já enfrentou garoa nos palcos Mundo e Sunset.

Mas não há crise. Ao contrário de tentar criar uma perspectiva histórica sobre o festival, o Fuerza começa por trilhas mais escondidas. É possível dizer que isso se deve menos à presença dos artistas originais da companhia. Quem domina a festa é o Bloco AfroReggae, convidado do Fuerza. Os percussionistas já faziam temporada juntos com o grupo em 2017 e o que o público verá no Rock in Rio comprova o sucesso da parceria.

Dividido em diversos momentos, a percussão convoca o público desde o começo para uma experiência que ignora até mesmo a presença das guitarras e som mais tradicional do rock. Com capacidade para 3 mil pessoas, o espaço destinado ao show surge vazio e escuro e, sem pedir licença, canta versos sobre um Rio de Janeiro que se movimenta e dança.

Não demora para que o famoso símbolo do festival, o globo com a guitarra apareçam no alto do ginásio. É nessas horas que a plateia não sabe se aproveita a experiência ou grava as cenas com o celular. Na mesma altura surge uma mulher que caminha pelo céu presa em uma estrutura que gira bem próximo da cabeça de todos.

Se a companhia não reunisse tanta técnica que a fez conhecida mundialmente, o medo de quem vê pela primeira vez pode ofuscar o encantamento. Uma coisa é assistir ao Cirque Du Soleil, por exemplo, em que os artistas pulam de grandes alturas e manuseiam objetos perigosos com destreza. À distância, sentado na plateia, a sensação de segurança é maior. Mas isso não serve para o trabalho do Fuerza. A proposta de imersão é sensorial e se alimenta dessa adrenalina.

O público vai se deparar com algo mais concreto sobre o rock já perto do final, com versos de We are the Champions, hino do Queen, cantado em 1985. Mas a música também clama por transformação. “Vamos mudar a história” é cantada por músicos e bailarinos e tenta oferecer certa inspiração e esperança pela cidade.

Há outras cenas no espetáculo que não se deve escrever com o risco de estragar a experiência do público que faz pausa para voltar ao festival nesta Quinta-feira (3). Mas duas dicas podem ajudar a melhorar a experiência: nas laterais é sempre melhor a vista – e leve uma capa de chuva.

A montagem tem cinco sessões diárias, às 15h30, 17h, 18h30, 20h e 21h30, com duração de trinta minutos. Depois do primeiro fim de semana do Rock in Rio, eles retornam nesta quinta e vão até domingo, 6. Não tem jeito de perder.