Um dos bens culturais mais importantes do Espírito Santo, a Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, e o anexo, a Residência dos Reis Magos, ganharão projeto de restauro e readequação.
O início dos trabalhos está programado para abril de 2022 e o tempo de obras previsto é de dois anos. O projeto será viabilizado por meio do edital Resgatando a História, do BNDES, em parceria com a EDP e o Instituto Cultural Vale, e receberá apoio, também, da Biancogres.
O anúncio do início das obras de restauro e readequação da Igreja e da Residência dos Reis Magos foi feito nesta quinta-feira (31).
Participaram da solenidade o Arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos; a vice-Governadora do Estado, Jacqueline Moraes; o Prefeito da Serra, Sergio Vidigal; a Presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel; a Superintendente do IPHAN-ES, Elisa Machado Taveira; o Diretor de Distribuição da EDP no Espírito Santo, Fernando Saliba; o Diretor do Museu Vale, Ronaldo Barbosa, representando o Instituto Cultural Vale, e outras autoridades e parceiros.
As autoridades destacaram a importância do projeto para a história e a cultura capixabas. O Prefeito Sergio Vidigal ressaltou que Nova Almeida foi palco de acontecimentos importantes que fazem parte da história do Espírito Santo.
“Esse é um trabalho de resgate e valorização do nosso equipamento religioso e da história da Serra. Nós desejamos que, a partir desse restauro, sejam abertas novas portas e oportunidades que potencializem os investimentos no turismo histórico e religioso em Nova Almeida”.
De acordo com a presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel Varejão, o trabalho executado priorizou a preservação das características originais de Reis Magos, em alinhamento aos rígidos padrões internacionais do restauro. Ao mesmo tempo, houve preocupação em trazer soluções modernas que ampliassem a conexão com a sociedade.
“Esse projeto, além de toda a beleza do monumento e de seu entorno, vai contar toda a história dos aldeamentos e da passagem dos jesuítas de forma interativa e envolvente, possibilitando aos visitantes outras condições de uso, inclusive com a construção de um café e de uma loja que assegurarão mais sustentabilidade econômica ao empreendimento”.
“Para a EDP é motivo de orgulho apoiar a revitalização desses dois importantes monumentos. A Igreja e a Residência dos Reis Magos fazem parte da história do Espírito Santo e do Brasil, e nosso investimento na preservação desse patrimônio é uma mostra do nosso compromisso com a cultura do povo capixaba”, afirmou o Diretor de Distribuição da EDP no Espírito Santo, Fernando Saliba.
O diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, não pode participar do evento, mas enviou mensagem.
“É uma honra para o Instituto Cultural Vale ser parceiro dessa iniciativa que integra o projeto de desenvolvimento turístico que marca a presença dos jesuítas no Espírito Santo, junto com Santuário Nacional de São José de Anchieta e com a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Viana, cujas restaurações também abraçamos. Acreditamos que essa união com instituições públicas e privadas para cuidar da nossa história é fundamental para melhor compreensão do nosso passado e, também, para a construção de futuros”.
Na solenidade, ele foi representado pelo Diretor do Museu Vale, Ronaldo Barbosa.
Restaurar para preservar a história e garantir a transmissão para o futuro
A recuperação deste valoroso símbolo católico prevê a construção de um centro de interpretação e obras de restauro e conservação. Contará, ainda, com um trabalho criterioso que envolve estudos do patrimônio histórico, projetos de expografia e adequações necessários para o uso moderno dos monumentos, incluindo a acessibilidade.
Centro de Interpretação
O arrojado Centro de Interpretação, planejado para dar ao monumento uma linguagem nova, mais interativa, permitirá ao público conhecer melhor a história da passagem dos jesuítas no Estado do Espírito Santo e dos aldeamentos do Brasil.
Uma equipe multidisciplinar composta por especialistas altamente qualificados e formada, em sua maioria, por profissionais do Espírito Santo, assina os projetos das obras de restauro e readequação. São eles: o arquiteto Augusto Pacheco; a arquiteta especialista em liturgia Raquel Schneider; a arquiteta Tatiana Alvarenga; o museógrafo Fabrício Coradello; a historiadora Maria José dos Santos Cunha; a curadora Almerinda Lopes; o designer Jarbas Gomes, entre outros.
A Igreja
A região de Nova Almeida abrigou o maior aldeamento do Brasil. Sua história remonta a 1568 com épocas em que somava cerca de 6 mil indígenas. A Igreja e a Residência de Reis Magos, hoje tombadas pelo IPHAN, foram construídas por jesuítas e índios tupiniquins por volta de 1580.
A Igreja de Reis Magos terá projeto de adequação litúrgica, além do restauro de paredes, mobiliários, piso e imagens, entre outros.
Destaque para o projeto de climatização, que compatibilizará a modernidade com as demandas estéticas do monumento. Inovador e imperceptível ao campo visual, o sistema de refrigeração subterrânea garantirá a temperatura dentro da igreja, sem qualquer interferência no monumento.
A Residência
O Centro de Interpretação, desenvolvido para a antiga residência jesuítica de Reis Magos, será educativo, artístico e se manterá fiel à história da passagem dos religiosos da Companhia de Jesus, sem perder a referência das demandas do mundo moderno.
Construído ao lado da Igreja, ele apresentará em múltiplos espaços a história dos aldeamentos indígenas no Espírito Santo e no Brasil, a partir de um percurso de visitação com dinâmica de comunicação maior e mais interativa. Todo o roteiro museográfico que está sendo construído para o Centro de Interpretação está ligado à rica história local.
Memória
“O balneário de Nova Almeida, distrito do município da Serra-ES, é um local aprazível na confluência do rio de águas mansas com o oceano e que preserva séculos de história. No ponto mais alto se destaca a igreja de Reis Magos, com sua residência anexa, testemunhas da aldeia de Reis Magos, fundada pelos jesuítas no século XVI. Por suas características arquitetônicas foi tombada como Monumento Nacional no ano de 1943.
As origens de Nova Almeida remontam aos últimos 20 anos do século XVI, quando a Companhia de Jesus recebeu a autorização para fundar uma aldeia de missão que veio a tornar-se a mais importante missão jesuíta a norte de Vitória, na então capitania do Espírito Santo.
Inicialmente habitada por índios tupiniquins, aos quais se juntaram povos de outras etnias tupis e macro-jês, nela se forjou um novo modus vivendi compartilhado por índios e missionários para além dos regulamentos internos da ordem religiosa e do complexo emaranhado de leis, alvarás e provisões régias que regulamentavam a conversão à religião cristã e a integração à economia colonial os seus habitantes”.