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Irmãos Coen lideram júri de Cannes que verá 19 filmes na competição

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Cannes – Nessa quarta-feira, 13, a mídia francesa dividiu-se entre as manchetes sobre a inauguração de mais um Festival de Cannes e o histórico encontro, no dia anterior, entre o presidente François Hollande e o lendário Fidel Castro, em La Havana. A França é um país curioso. Agora aliados, Hollande e a ex-mulher, Segolène Royal, por ele repudiada, estão sedimentando no Caribe a aliança política que poderá fazer dela sua vice-presidente na próxima ‘presidentielle’. Enquanto isso, aqui em Cannes, os irmãos Coen estão vivendo a experiência de presidir o maior festival de cinema do mundo. “Não poderíamos dizer não. Esse festival fez muito por nós e nossa carreira”, disse Joel. O irmão Ethan acrescentou – “Viemos muitas vezes e ganhamos todos os prêmios. Desta vez, estamos aqui para ver filmes, e premiá-los. É uma experiência nova e muito estimulante.”

A coletiva do júri é sempre uma vitrine para antecipar o que poderá ocorrer no fim do festival. O deste ano é o de número 68 e vai terminar dia 24, com a outorga da Palma de Ouro. Para quem vai é um exercício de futurologia descabido no festival que está começando. Os Coens já avisaram – “Vamos dar ordens conflitantes para o nosso júri. É assim que funciona em nossos sets. Tem dado certo. Esperamos que vá funcionar aqui também.” O interessante é que o ‘kid’ pode atrapalhar o reinado dos coroas. O canadense Xavier Dolan ainda não chegou aos 30 e já tem uma extensa história no festival. Estiloso, gay, ele fez sensação ao dizer numa entrevista a Les Inrockuptibles que filma por uma necessidade visceral, quando as histórias que quer contar se tornam uma necessidade vital. E acrescentou – “É mais produtivo do que ficar me masturbando diante do retrato de Jake Gyllenhaal.” Assim como Dolan, o ator também é jurado neste ano. E agora, Dolan, o que fazer com o belo Jake, ao vivo e colorido, ao alcance da mão?

No ano passado, Gilles Jacob ainda era o presidente do festival. Em sua última seleção oficial, ele apostou no glamour e deu-se mal. O filme de abertura foi Grace, a cinebiografia da princesa de Mônaco por Olivier Dahan, o diretor de Piaf, com Marion Cotillard. Apesar de Nicole Kidman, o fiasco foi tão grande que o filme nem teve lançamento nos cinemas. Para sua primeira seleção, o novo presidente, Pierre Lescure, manteve o diretor artístico de Jacob, Thierry Frémaux, mas a abertura sinalizou em outra direção. Houve Catherine Deneuve, imperial como sempre, mas La Tête Haute abriu o 68.º Festival de Cannes em clima de incandescência social. A juíza Catherine e o professor Benoit Magimel tentam resgatar garoto da criminalidade. Educação é uma forma de amor. Abandonado à própria sorte, Rod Parador descobre uma atenção como nunca teve. Fica confuso, agressivo. A juíza não desiste. O filme é sobre o confronto dos dois.

Há quatro anos, como atriz, a agora diretora Emmanuelle Bercot integrava a brigada de menores de Polisse, longa realizado pela atriz Maïween, que está de volta à competição. No intervalo entre os dois filmes, Emmanuelle dirigiu Deneuve em seu longa de estreia, Elle s’En Va, mostrando-a como avó que se lança na estrada com o neto. Catherine é um ícone, um mito. Emmanuelle a confronta com seu lado humano. Está tendo sucesso, mas a eterna bela da tarde não se arrisca a ganhar nenhum prêmio. La Tête Haute passou fora de concurso.

O festival deste ano tem 19 filmes na competição. Cinco são franceses, de Jacques Audiard, Stéphane Brizé, Valérie Donizelli, Maïwen e Guillaume Nicloux. Três são italianos de Nanni Moretti, Matteo Garrone e Paolo Sorrentino, e dois americanos, de Gus Van Sant e Todd Haynes. Só esses três países, França, Itália e EUA, somam mais da metade da competição – dez filmes.

A novidade, que virou tema de reportagem no jornal Libération (C’Est party, uma mistura de Começou com É festa!), é que nunca tantos filmes foram falados em inglês. Não importa a nacionalidade. Cannes este ano celebra o inglês como idioma universal do cinema. Jesse Eisenberg está no filme de Joachim Trier, Salma Hayek, uma mexicana celebrizada por Hollywood, no de Matteo Garrone, que passou ontem para a imprensa. Tales of the Tales, Conto dos Contos, uma fábula. E há uma guerra de bastidores. Charles Tesson, delegado da Semana da Crítica, viu mais de mil filmes para fazer a seleção de 11 que, segundo ele, sinalizam para o futuro. Edouard Waintrop, que faz a seleção da Quinzena dos Realizadores, não deixa por menos. Diz que o melhor filme de Cannes neste ano está na sua seção – Trois Souvenirs de Ma Jeunesse, de Arnaud Desplechin. “Deveria estar na competição, ainda bem que veio para mim.” A Quinzena também vai exibir, na abertura, o novo Philippe Garrel, que ele considera o melhor filme do autor em anos, L’Ombre des Femmes, e o novo Miguel Gomes. Depois de Tabu, o português volta a Cannes com As Mil e Uma Noites, que tem – segure-se! – 6 horas de duração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.