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Ken Loach volta ao tema da luta de classes no filme 'Jimmy's Hall'

Ken Loach volta ao tema da luta de classes no filme ‘Jimmy’s Hall’ Ken Loach volta ao tema da luta de classes no filme ‘Jimmy’s Hall’ Ken Loach volta ao tema da luta de classes no filme ‘Jimmy’s Hall’ Ken Loach volta ao tema da luta de classes no filme ‘Jimmy’s Hall’

São Paulo – Todo ano surgem na imprensa críticas ácidas à seleção do Festival de Cannes. Mais do mesmo, reclamam muitos críticos. Existem diretores que têm cadeira cativa na Croisette, o maior festival de cinema do mundo é parcimonioso em relação ao novo – exceto se o sujeito é canadense e chama-se Xavier Dolan.

A seleção do ano passado, a última do então diretor-geral Gilles Jacob, foi particularmente defenestrada. Jacob e seu delegado artístico, Thierry Frémaux, defenderam-se – Cannes sempre privilegiou os grandes diretores. A imprensa de língua inglesa caiu matando. E quem foi que decretou que diretores como Mike Leigh e Ken Loach são grandes?

Pausa para reflexão

Turner, mesmo tendo recebido o prêmio de interpretação masculina – para Timothy Spall -, é a prova, mais uma, de que Leigh não é grande coisa nenhuma e é até um mistério como suas caricaturas dos ingleses atraem tanto os críticos. Com Loach, a coisa é diferente. A maior crítica que se pode fazer a ele também é o maior elogio, e Jimmy’s Hall, que estreia nesta quinta, 6, é a prova irrefutável. Num mundo que escolheu o mercado, seu discurso de ‘esquerda’ parece anacrônico. Tudo o que Loach ainda defende – humanismo, solidariedade, socialismo democrático – está em baixa. Mas ele resiste, e com a vantagem de fazer bom (grande) cinema. “O mundo já pendeu à direita demais para que eu desista de minhas histórias”, disse ele em Cannes, no ano passado.

A de Jimmy’s Hall é típica. O Jimmy do título, interpretado por Barry Ward, é um jovem líder comunista irlandês que volta a seu país natal depois de passar dez anos em Nova York. Solidário, libertário, Jimmy enfrenta os poderosos locais, o que inclui os dignatários católicos, que se opõem, como coisa do diabo, ao salão de danças que ele cria. É o ‘hall’.

No salão de Jimmy, as pessoas dançam, mas também debatem, aprendem. Tudo isso é potencialmente explosivo, perigoso. Pode ser um anacronismo – a luta de classes como motor da História, com H -, mais um de Loach, mas também é uma daquelas histórias humanitárias de que só ele possui o segredo no cinema atual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.