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Lombardi retorna com vários projetos

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Rodrigo Lombardi acaba de chegar de uma temporada em Londres. Como possui uma rede de intercâmbio educacional – uma nova forma de aprender línguas -, foi pesquisar escolas e métodos para agregar ao rol de suas ofertas. Aproveitou para fazer o que gosta. Viu teatro. Um Harold Pinter (Betrayal) com Tom Hiddleston, uma nova montagem de A Morte do Caixeiro Viajante no Young Vic, com Wendell Pierce como Willy Loman. Rodrigo esteve à frente de outra elogiada montagem de Arthur Miller, no ano passado – Um Panorama Visto da Ponte. “Achei excepcional. Embora não seja a mesma peça, é muito interessante, e estimulante, ver como a gente está na mesma vibe, e o que eles valorizam, o texto, o equilíbrio entre a palavra e a fisicalidade do ator, também nos move.”

Voltou cheio de ideias – novas montagens, quem sabe até a direção, que lhe atrai cada vez mais, mas isso é assunto para daqui a pouco. Deixando um pouco o teatro de lado, Rodrigo está na TV e nos cinemas com trabalhos importantes. Na Globo – aberta -, você segue os capítulos de Carcereiros. Na Globoplay, pode antecipar os capítulos que faltam. A semana passada foi decisiva.

“Adriano, meu personagem, teve de fazer uma escolha forte. Sua ligação com Érika/Letícia Sabatella foi muito longe e ela ameaçou a mulher grávida dele. Foi morta por um sniper. Essa trama acabou, mas a série segue o Adriano enrolado nas questões profissionais e afetivas.”

A violência do sistema prisional brasileiro volta e meia explode no noticiário. “É uma realidade muito tensa. Muito explosiva e violenta. E ele está sempre à mercê de suas emoções, numa função que exige muito autocontrole e determinação.” Rodrigo anuncia – “Fizemos um filme, um spin-off. A mesma equipe. (José Eduardo) Belmonte na direção, Marçal Aquino, Fernando Bonassi e Dennison Ramalho como roteiristas. Deve estrear até o fim do ano, embora esse mercado seja complicado. Acho que vai ser bom. Passa-se numa única noite de motim e violência. E o Adriano, como sempre, é colocado à prova.” Por mais que Rodrigo Lombardi diga que o teatro é sua casa, é um ator que se deu muito bem no audiovisual.

Além de Carcereiros, está em O Olho e a Faca, de Paulo Sacramento, que estreou na quinta, 27. A vida numa estação de petróleo em alto-mar. Roberto, o personagem de Rodrigo, passa longos períodos afastado da família. Na estação, termina promovido num processo que prejudica outro funcionário mais indicado para o cargo. Como se filma essa história? No mar, há sempre o balanço da água, mas a vida de Roberto parece oscilar mesmo é na terra firme, não tão firme assim. Está em crise com a mulher, tem uma amante, o filho é um rebelde sem causa, ou com, considerando-se essa história familiar.

Sacramento, ex-montador, conta sua história com rigor absoluto. Especialistas reconhecem que é difícil filmar no mar. Há sempre esse balanço das ondas. Sacramento filma com rigor, monta com mais rigor ainda. Um filme perfeccionista, senão perfeito. O mundo de Roberto está implodindo, mas nada treme. Imagem, ângulo, corte. E na terra, que deveria ser firme, tudo implode.

A desestabilização desse mundo vem por meio de um signo, o corvo. “Gostei muito dessa maneira de filmar. É como se Roberto reprimisse a emoção, e fosse reduzido só à fisicalidade.” É um homem sob pressão, reage às teclas que são acionadas. Ao agir assim, pode errar muito. Onde fica o instinto nesse mundo de emoção controlada, senão esvaziada? A cena de sexo com Débora Nascimento é das mais intensas da história do cinema brasileiro. Alguns críticos estão dizendo que é gratuita, mas não – é visceral.

O Olho e a Faca não se assemelha a nada que o cinema nacional tenha apresentado recentemente. É um óvni. Tem um antecedente (leia crítica), mas é um biscoito tão fino que só cinéfilos de carteirinha hão de se lembrar. Difere bastante da série da Globo com Cauã Reymond – Ilha de Ferro. Rodrigo admite que é muito curioso pela técnica. “Quero saber tudo. A lente, a luz, o ângulo da câmera.” Quer dirigir, “mas vou começar pelo que mais sei, o teatro.” Está aprendendo – como Adriano, como Roberto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.