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Lygia Clark em Nova York Se destaca em ano de Bienal fraca

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São Paulo – Com a desmontagem da exposição do pintor e cineasta Julian Schnabel, encerrada dia 7, a retirada dos painéis de madeira que encobriam as janelas de vidro do subsolo do Masp faz reaparecer os detalhes da arquitetura do prédio projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992). Ações de “redescoberta” do edifício, assim como a inauguração recente da mostra Masp em Processo, que coloca lado a lado obras emblemáticas e peças menos conhecidas do acervo da instituição, marcam a passagem do museu para uma nova fase, o fato mais importante em 2014.

Desde 1994, o Masp vivia sob mesma governança. Com a eleição, em setembro, de conselheiros e diretoria, que tem como presidente Heitor Martins, foi iniciada uma nova gestão profissionalizante com o desafio de sanar as dívidas do museu (anunciadas em torno de R$ 12 milhões). Em meados de dezembro, o diretor artístico da instituição, Adriano Pedrosa, apresentou os membros de sua equipe curatorial, formada, entre outros, pela venezuelana Julieta González e a artista brasileira Rosângela Rennó. É grande a expectativa em torno dos rumos do museu, que, apenas para relembrar, já teve sua luz cortada em 2006 por falta de pagamento.

O mesmo sentimento se estende a outras instituições de peso de São Paulo, que tiveram o ano marcado por mudanças de gestão. Em outubro, a Pinacoteca do Estado confirmou a saída de Ivo Mesquita de seu cargo de diretor técnico para dar lugar, em fevereiro de 2015, ao historiador e curador Tadeu Chiarelli. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP também está sob nova direção desde abril, quando o professor Hugo Segawa foi eleito para o lugar ocupado por Chiarelli.

Se, de um lado, instituições estabelecidas vêm tomando novos ares como os descritos acima, é interessante também destacar iniciativas apresentadas em espaços de experimentação, principalmente, no centro da cidade. Projeto Gameleira 1971, que a artista Lais Myrrha exibiu entre junho e agosto no Pivô, no edifício Copan, foi uma das mais bem-sucedidas mostras do calendário por tão bem aliar construção formal e reflexão sobre a memória, usando como mote o desabamento, na década de 1970, do Pavilhão de Exposições de Belo Horizonte, obra creditada a Oscar Niemeyer. Outra construção ousada e potente de 2014 foi a monumental Transarquitetônica, de Henrique Oliveira, concebida especialmente para o anexo do MAC-USP. Em termos de exposições, ainda, no de uma 31.ª Bienal de São Paulo controversa e de pouca expressão, é importante mencionar a realização de alentadas mostras sobre a obra de importantes criadoras, de gerações diferentes. Não por uma questão de gênero, mas de pertinência, algumas mulheres se destacaram em 2014. O Abandono da Arte, a retrospectiva de Lygia Clark (1920- 1988) no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, entre maio e agosto, foi um marco internacional em torno da produção da brasileira. A exposição cobriu toda a carreira da criadora, desde suas pinturas concretistas até suas investigações no campo terapêutico.

Devem ser ainda destacadas as mostras de Mira Schendel (1919-1988) na Pinacoteca do Estado – depois de exibida na Tate de Londres; a exposição panorâmicas de Rivane Neuenschwander no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo; de Mona Hatoum na Estação Pinacoteca (ainda em cartaz); e de Yayoi Kusama no Instituto Tomie Ohtake.

Não é possível deixar de lembrar ainda que este foi o ano do centenário da arquiteta Lina Bo Bardi. Nome de interesse crescente em diversos países, a ítalo-brasileira, autora do Sesc Pompeia, teve como uma das mais elogiadas homenagens a exposição Maneiras de Expor – Arquitetura Expositiva de Lina Bo Bardi, no Museu da Casa Brasileira. A volta de seus cavaletes de vidro ao Masp, criados por ela na década de 1960 para a exposição da coleção do museu, já é uma das aguardadas promessas do novo diretor artístico, Adriano Pedrosa, para o segundo semestre de 2015 na própria instituição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.