“Passa um filme na cabeça, a gente lembra do início, das dificuldades… e pensa: ‘Olha onde eu cheguei!’”. O que começou de forma despretensiosa, na própria festa de 40 anos, se tornou o ponto de partida para a trajetória que levou a DJ Dani B ao Prêmio da Música Capixaba 2025.
Em meio a nomes como Gegeo, Negana, Karolla e Thomas, Dani celebra não só a indicação na categoria DJ, mas o significado que ela carrega: o reconhecimento de uma nova fase de vida dedicada à música.
É o resultado de horas de pesquisa, sensibilidade artística e coragem para me expressar através da música. Também simboliza o pertencimento das mulheres 40+, mostrando que fazemos parte da construção e valorização da música capixaba, levando o som do Espírito Santo para além das pistas.
DJ Dani B
Os ganhadores serão revelados no dia 28 de outubro, no Teatro da Ufes, em Vitória. Essa é a 4ª edição da premiação.
Em entrevista ao Folha Vitória, Dani fala sobre o início da carreira, as influências, as histórias vividas nas pistas e o que representa, para ela, estar entre os indicados deste ano.
“Meu som está conectando pessoas”: conheça a trajetória de Dani B
Folha Vitória: Como você começou na música e, especialmente, na cena de DJ? E quando percebeu que queria viver de música?
DJ Dani B: “Sempre gostei muito de música. Comecei a tocar na minha festa de 40 anos, durante a pandemia — era algo pequeno, só para alguns amigos. A partir daí, fui estudar mixagem e não quis mais largar as pickups. Decidi seguir carreira.
Comecei tocando em desfiles de moda, eventos sociais e corporativos, e depois passei a ser chamada para boates. Foi quando me apaixonei pela profissão. Fui estudar produção musical e já faz cinco anos que me dedico integralmente à música”.
Como você define o seu estilo como DJ? O que não pode faltar em um set seu?
“Sou DJ de house music, e algo que nunca pode faltar nos meus sets são músicas brasileiras”.
Quais são suas principais influências musicais?
“Durante a pandemia, quando fiz a transição profissional, eu acompanhava lives de DJs que tocavam de casa. Um deles era o Gaspar Muniz, eu assistia todos os dias e pensava: ‘Uau, quero fazer isso também.’
Minhas maiores influências são artistas mulheres como Jayda G, Honey Dijon e Peggy Gou. Entre as brasileiras, gosto de Paolla B, DJ Karolla, From House to Disco, Curol, Eli Iwaza… a lista é longa! As DJs capixabas estão entre as minhas preferidas.”
Em quais festas você mais gosta de tocar?
“Gosto de tocar em baladas, formaturas e casamentos. Adoro fazer a curadoria das músicas e montar o setlist de acordo com o briefing do evento.”
Tem alguma faixa que é o “momento auge” da pista?
“O auge sempre chega quando toco as faixas das divas: Madonna, Whitney Houston, Donna Summer, Sade, Rita Lee e Gal Costa.”
Como recebeu a notícia da indicação ao Prêmio da Música Capixaba? É sua primeira vez concorrendo?
“Fiquei muito emocionada, ainda estou! Passa um filme na cabeça, a gente lembra do início, das dificuldades… e pensa: ‘Olha onde eu cheguei!’
Estar entre as finalistas de um prêmio tão importante é emocionante. É a primeira vez que concorro, e ainda ao lado de artistas que admiro. Isso é muito especial.”
O que esse reconhecimento representa pra você e pra sua trajetória?
“Representa muita coisa: reconhecimento, validação do meu trabalho, da minha dedicação e da energia que coloco nessa profissão.
Como DJ, essa indicação mostra que meu som está conectando pessoas, movimentando o público e inspirando a cultura local. Também simboliza o pertencimento das mulheres 40+, mostrando que fazemos parte da construção e valorização da música capixaba, levando o som do Espírito Santo para além das pistas.”
O que diferencia o cenário da música eletrônica capixaba do restante do país?
“Acho que o que falta é conexão. O nível dos DJs capixabas é equivalente ao da cena do eixo Rio-São Paulo. O que precisamos são mais oportunidades, mais festas, mais baladas underground — e mais mulheres nos line-ups.”
Qual foi a situação mais inusitada que você já viveu durante uma apresentação?
“Eu estava tocando em um bar durante os jogos da Copa do Mundo. O dono me chamava para tocar em todos os jogos do Brasil. No dia em que o time perdeu, precisei continuar tocando para manter o público no bar.
Em certo momento, um grupo de rapazes pediu que eu colocasse pagode, e eu não tinha playlist de pagode! Sou DJ de música eletrônica. Fiquei sem saber o que fazer, até lembrar que meu sobrinho é pagodeiro. Mandei mensagem pra ele e pedi uma playlist do Spotify.
Ele me enviou, comecei a tocar e o pessoal enlouqueceu! Diziam que eu era a melhor DJ, mal sabiam que eu nem conhecia as músicas (risos). No fim, foi ótimo. Criei uma conexão com eles e me diverti muito!”
Um lugar onde você sonhava em tocar e já tocou? E um lugar onde ainda sonha tocar?
“Eu frequentava uma festa em Vitória chamada Discotopia e era fã da label. Um dia pensei: ‘Quero tocar aqui.’ E aconteceu! Fiquei muito nervosa, errei algumas mixagens, mas foi inesquecível.
Ainda sonho em fazer uma turnê pela Europa, tocando música brasileira.”
Uma música que te define?
“Difícil escolher, são tantas. Mas vou citar uma do início da minha trajetória: o remix de Banho de Folhas, da Luedji Luna.”
O que te inspira a continuar produzindo e tocando?
“Recentemente, amigos me mandaram um vídeo da DJ sueca Glória, de 81 anos, produzindo festas e tocando para um público 60+. Achei genial! Ela me inspirou, e acho que também inspiro pessoas. Quero seguir assim.”
Onde o público pode te acompanhar e ouvir mais do seu trabalho?
“Podem me acompanhar no Instagram, em @djdani.b, e no SoundCloud. Aproveito para divulgar meu novo projeto, o Pod B Podcast, onde entrevisto mulheres artistas e produtoras capixabas.”