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Musical 'Cantando na Chuva' estreia em agosto em São Paulo

Musical ‘Cantando na Chuva’ estreia em agosto em São Paulo Musical ‘Cantando na Chuva’ estreia em agosto em São Paulo Musical ‘Cantando na Chuva’ estreia em agosto em São Paulo Musical ‘Cantando na Chuva’ estreia em agosto em São Paulo

São Paulo – A chegada de um contêiner contendo uma preciosa carga, prevista para este domingo, 2, é motivo de festa para um punhado de artistas. O conteúdo, enviado por aluguel pela empresa britânica Water Sculptures, é o maquinário que tornará possível a cena mais esperada do musical “Cantando na Chuva”, que estreia dia 12 de agosto, no Teatro Santander: justamente aquela em que um apaixonado Don Lockwood não se importa com o temporal e sai dançando nas ruas.

“Esse era o maior desafio que enfrentávamos para montar o espetáculo no Brasil”, conta a atriz e produtora Claudia Raia, que há pelo menos cinco anos embala o sonho de trazer a versão musical do clássico filme estrelado por Gene Kelly e Debbie Reynolds, em 1952, para o País. Foi em 2012 que ela e seu companheiro de vida e arte, Jarbas Homem de Melo, assistiram à versão em um palco inglês e, se não gostaram tanto do resultado final (“Um coro entrava na cena clássica da dança na chuva”, lembra Jarbas, desgostoso), os efeitos deixaram o casal boquiaberto – especialmente os números de dança em um palco encharcado.

“Contratamos o serviço da Water Sculptures, que é especializada em efeitos envolvendo chuva”, conta Stephanie Mayorkis, diretora da divisão de teatro de IMM Esporte e Entretenimento, que se associou a Claudia e Jarbas ao sentir solidez em seu projeto. A estrutura é complexa e fica ao redor do palco: uma rede de canos (que não é vista pelo plateia) recebe a água por meio de canaletas e ralos bem discretos e a conduz para dois enormes tanques que recebem 10 mil litros cada um. “A água que será utilizada é de reúso e volta aquecida na forma de chuva para não prejudicar os atores”, completa Stephanie.

Todos os detalhes são essenciais nessa produção, orçada em R$ 9 milhões, valor declarado no pedido do uso da Lei Rouanet. O figurinista Fabio Namatame, por exemplo, testa diversos materiais em busca do ideal para a confecção dos sapatos. “Busco aquele modelo que absorve bem a água, para não atrapalhar as cenas de dança, e que não se deteriora facilmente”, comenta ele, que vem fazendo vários experimentos.

A busca pelo produto mais arrojado e perfeito – afinal, desde que foi anunciada a produção de “Cantando na Chuva”, a expectativa inundou as redes sociais – não poupa esforços da produção. Foi isso que motivou, por exemplo, a participação especial de Marcelo Médici e Reynaldo Gianecchini. Para melhor entender como eles se encaixam na história, convém esclarecer melhor a trama.

O musical (assim como o filme) se passa nos anos 1920, quando uma crise ameaçou os grandes estúdios de Hollywood: o surgimento do cinema sonoro. Dan Lockwood (Jarbas) e Lina Lamont (Claudia) são estrelas da fase muda e, quando precisam participar de longas falados, Lina revela ter uma voz de taquara rachada. A solução, encontrada por Dan, é contratar uma dublê vocal, Kathy Selden (Bruna Guerin), corista por quem o galã logo se apaixona.

Assim, Médici e Gianecchini gravaram, na semana passada, cenas de filmes mudos de Dan e Lina, que serão projetados, em preto e branco, durante o musical – Médici participou dos longas “Patife da Realeza” e “Teste do Filme Falado”, enquanto Giane surge com uma peruca engraçadíssima nos filmes “Cavaleiro Galante” e “O Cavaleiro Dançante”. As cenas – hilariantes – foram gravadas em dois dias, no Palácio dos Cedros, belíssimo casarão do bairro do Ipiranga, e foram dirigidas por Otavio Juliano, cineasta que assina o documentário “Sepultura Endurance”.

“Marcelo e Giane são amigos queridos, eu precisava de sua presença”, conta Claudia que, para esganiçar a voz, submeteu-se a um trabalho criterioso. “Precisei primeiro aprender a forma correta de falar e cantar para então distorcer e criar algo estridente”, completa a atriz, que necessita de um controle constante. “Como a voz é o coração do espetáculo, não posso me distrair.”

Cuidados, aliás, estão por todo lado. Bruna Guerin, por exemplo, atriz versátil, estuda dança com afinco. “Nessa peça, o sapateado é um instrumento musical”, comenta ela, fazendo coro com Reiner Tenente, intérprete de Cosmo Brown, amigo do peito de Don e responsável pelo lado cômico da história. “Meu desafio é ser palhaço sem, na verdade, parecer um clown.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.