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Na tela, os horrores de hospital de Barbacena

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O documentário Holocausto Brasileiro, uma obra impactante que destaca um dos capítulos mais trágicos e sombrios da história do Brasil no contexto dos direitos humanos, está agora disponível na plataforma Netflix. Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, publicado pela Intrínseca, o filme oferece um olhar detalhado sobre as condições desumanas a que foram submetidos pacientes do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como Colônia.

Tudo somado, esse local foi palco, ao longo das décadas de 1960 a 1980, de mais de 60 mil mortes – ocorridas em meio a episódios de negligência e crueldade extremas.

O documentário revela as histórias de pessoas marginalizadas e estigmatizadas pela sociedade, incluindo homossexuais, prostitutas, mães solteiras e outras vítimas de abuso, muitas das quais foram enviadas ao Colônia sem diagnóstico psiquiátrico preciso.

Esses indivíduos foram submetidos a torturas e tratamentos brutais, como alimentação forçada com ratos, ingestão de água de esgoto e exposição ao frio, além de sessões de eletrochoques, tudo com a conivência do Estado e da sociedade da época.

Cinco décadas

Dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz e lançado originalmente em 2016, Holocausto Brasileiro, classificado para maiores de 16 anos e com duração de 90 minutos, mergulha fundo nas histórias ocultas do Hospital Colônia de Barbacena. O filme expõe as condições desumanas enfrentadas por sobreviventes, ex-funcionários, pesquisadores e familiares, desvendando verdades ocultadas durante mais de cinco décadas.

“O Holocausto Brasileiro nasceu para mim quando eu tive acesso às fotos feitas em 1960 pelo ex-fotógrafo da revista O Cruzeiro, Luiz Alfredo, dentro do Hospital Colônia. Eu tive acesso a essas imagens em 2010, 50 anos depois de terem sido feitas. Fui atravessada por aquelas fotos, porque em nenhuma delas eu consegui visualizar o hospital. Elas me remetiam a um campo de concentração”, conta Daniela. A partir daquele contato com as fotos, ela quis encontrar as pessoas fotografadas. “A grande dificuldade era a incerteza sobre a probabilidade de encontrar sobreviventes”, afirmou.

O processo de investigação do paradeiro desses sobreviventes demandou uma longa pesquisa. “Percorri inúmeros endereços, bati em muitas portas erradas. Mas quando eu encontrei o primeiro sobrevivente, não parei mais. Encontrei 160. A localização de cada um foi um dos momentos mais impactantes da minha carreira.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.