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Tem pessoas que não podem ver um ex pela frente. Mas existem outras que mantém uma ótima relação com o antigo companheiro conseguindo, até, trabalhar ao lado dele. Este é o caso, por exemplo, de Nathalia Dill, que hoje namora Sérgio Guizé, mas já foi casada com o diretor Caio Sóh e agora lança um novo filme ao lado dele, Por Trás do Céu, que estreia nesta quinta-feira, dia 6. O filme, aliás, é extremamente poético, contando o drama de Aparecida, personagem de Nathalia, e seu sonho de ver de perto o que existe além do seu mundo – seja a cidade, seja o firmamento. Recentemente, o elenco da produção, que ainda conta com Emilio Orciollo Netto, Renato Góes e Paula Burlamaqui, revelou todo o encantamento que existiu por trás do longa.
Filmado nas cidades de João Pessoa e de Cabaceiras, no estado da Paraíba, o longa-metragem originalmente foi escrito para o teatro e agora foi adaptado para o cinema. Ao falar se achava que algo poderia dar errado por filmar no sertão, Caio disparou:
– A escolha do próprio filme foi um Nunca vai dar errado. Já até me perguntaram isso antes, mas não vejo o que poderia não dar certo. Para que tenha ideia, nossa presença no sertão foi tão bacana que até choveu no dia que a gente chegou, e isso não acontecia há três anos. Nós ficamos dois meses por lá e foi tudo muito bom.
Outro ponto que chama a atenção é a desconstrução do povo nordestino feita pelo diretor e pelos atores. Alguns dizeres, aliás, são escutados apenas no longa, como é o que caso da expressão quererê, dita repetidas vezes pelos personagens:
– Foi muito bacana fazer esse trabalho de desconstrução. Às vezes a gente fazia a cena e o Caio dizia que estava ruim e que precisávamos pensar de outra forma. Todos os atores tiveram liberdade para trabalhar essa poesia desconstruída. A gente não quis mexer com um lado documental no filme. E foi através dessa liberdade que as coisas foram acontecendo, lembra Emílio, que também é um dos produtores do longa.
Para Paula, no entanto, o que mais marcou este trabalho foi a fase de produção:
– Eu era uma prostituta, então eu pensei em ir antes a um bordel para ver como elas se comportam na vida real, já que em todo trabalho faço isso. Mas nem precisou, porque o Caio já ia mostrando como ele queria que fosse interpretado. Em nenhum filme até hoje eu tive tanto tempo de ensaio. A gente ia para a casa do Caio na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) para ensaiar. Quando isso iria acontecer?
Foi por conta dessa liberdade, também, que Por Trás do Céu recebeu críticas antes mesmo de ser filmado, lá em 2013:
– Tinham pessoas que questionaram o fato de eu colocar a Nathalia e a Paula como duas nordestinas. Mas na minha cabeça eu entendia que eu estava colocando duas grandes atrizes para um trabalho e que elas teriam total condições de fazer, conta Caio, que logo é interrompido por Paula.
– Essa pessoa que falou isso para o Caio foi uma amiga minha. O Caio estava na época de conseguir uma produtora, e então eu a levei para conversar com ele. Pois essa pessoa perguntou para o Caio se ele estava pensando em fazer um filme que passa no nordeste comigo e com a Nathalia Dill, acredita? Eu fiquei olhando para a cara dela e pensando: Eu te apresento para ele e você quer me tirar do filme? Como assim? Então o Caio disse que ela realmente não se encaixava no projeto, ainda bem! Depois dessa eu não apresento mais ninguém, revelou gargalhando.
Apesar de poético, o longa traz, também, cenas fortes, como o estupro da personagem de Nathalia. Sobre ter de representar este momento tão delicado, a atriz que está no ar em Rock Story comentou:
– A única coisa que eu posso dizer é que se não tivesse toda aquela equipe por trás, a cena não aconteceria. Se não fosse a união da equipe eu não conseguiria.
