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'O Filho Eterno', narra amadurecimento do pai de garoto com síndrome de Down

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– Cristóvão Tezza assistiu à sessão de O Filho Eterno no Festival do Rio. Ao rever o filme, em Curitiba, comentou com o diretor Paulo Machline – “Você mudou o filme.” E o escritor não deixou por menos – “Ficou melhor.” Paulo Machline não mudou seu filme, no sentido de remontar. Mas fez mudanças substanciais que ajudam a tornar O Filho Eterno mais atraente. Vamos por partes.

O Filho Eterno não nasceu como um projeto do diretor. Foi um convite do produtor Rodrigo Teixeira. Machline hesitou. O livro ganhou um monte de prêmios. Conta, do ponto de vista de um pai escritor, sua complicada aceitação do filho, que nasce com Síndrome de Down. “Quando o Rodrigo me propôs, disse não, de cara. E até tinha uma justificativa – não era um universo que me fosse afim. O Rodrigo me disse para pensar com calma, me deu um tempo. Eu li e me caiu a ficha. Sou pai, meu filho não tem a Síndrome de Down, mas é um filho, poxa. A história é sobre diferença e afeto, sobre aceitação. Comecei a pesquisar. Conheci pessoas, histórias incríveis. E aceitei.”

O filme foi feito em Curitiba, no auge do movimento pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A gente estava no meio do tornado”, reflete Machline. “Cheguei à conclusão de que, se a gente não construísse uma bolha, não conseguiria filmar. Era muita agitação.” Machline agradece o carinho dos paranaenses, mas não perde o senso crítico. “Era um processo muito doido. Havia no ar aquele clima de legalidade. ‘A república de Curitiba defende a lei’, e ao mesmo via muita arrogância, discriminação, preconceito, machismo daqueles mesmos defensores da ordem.”

Um pai e seu filho diferente – que exige cuidados especiais. Um pai que não se dá, e sofre com isso. Nesse abismo que ele constrói com o filho, a mulher, entra o futebol – quase, ou como, um personagem. Tudo isso já estava no roteiro, foi filmado. Mas então, o que mudou, para o escritor dizer a seu adaptador que o filme virou outro, e melhor? Na entrevista, Machline explica. Está mais feliz com o próprio filme. Quando conversou com o repórter, ele já estava com a mala pronta – a valise. Veio rapidinho, para a exibição do filme e a rodada de entrevistas. Nos últimos meses, Machline tem vivido no Uruguai.

É lá que grava a nova temporada de O Hipnotizador. A série com Leonardo Sbaraglia é uma produção de Rodrigo Teixeira. Machline dirige com Marco Dutra e Aly Muritiba. O diretor não tem parado. Está satisfeito com sua atividade, mas sente que precisa parar um pouco e voltar com um projeto mais pessoal. “Tenho algumas ideias que estou sedimentando. Preciso me bagunçar mais um pouco, como quando fiz Natimorto (de Lourenço Mutarelli).”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.