Entretenimento e Cultura

Obras da Bienal de São Paulo serão expostas no Museu da Serralves

Obras da Bienal de São Paulo serão expostas no Museu da Serralves Obras da Bienal de São Paulo serão expostas no Museu da Serralves Obras da Bienal de São Paulo serão expostas no Museu da Serralves Obras da Bienal de São Paulo serão expostas no Museu da Serralves

São Paulo – A partir desta quinta-feira, 01, uma seleção de obras expostas em 2014 na 31ª Bienal de São Paulo será apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, em Portugal. É a primeira vez que a instituição brasileira promove uma itinerância de sua mostra em outro país. “Tem um significado muito grande o país colonizado levar algo para o colonizador”, diz o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luis Terepins. À frente da diretoria da instituição desde 2013, o empresário orgulha-se de a Bienal ter “a cara do Brasil que deu certo”. A recessão econômica é uma realidade – entretanto, os projetos da entidade não foram afetados por esse cenário, explica.

Em fevereiro, Terepins afirmou que a Fundação Bienal de São Paulo pretendia captar em torno de R$ 34 milhões para o biênio de 2015/2016. A alta soma, que inclui o orçamento da 32ª Bienal de São Paulo, prevista para o próximo ano – por volta de R$ 29 milhões, ele também contou na época -, continua no horizonte da instituição. “Cerca de 75% já está em negociação.” Além disso, o presidente destaca que a Bienal acaba de pagar para o Ministério da Cultura uma parcela de R$ 3,6 milhões como parte do acordo de quitar, até 2018, uma dívida de R$ 12,2 milhões com o governo federal.

A itinerância para Portugal de um recorte da 31ª Bienal, que teve curadoria-geral do escocês Charles Esche, é, agora, um passo novo da entidade, ou seja, a expansão internacional do programa que leva para outras cidades do Brasil, desde a 29ª edição, partes das mostras da instituição apresentadas no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera, em São Paulo. “Já estamos negociando com o Sesc as itinerâncias da 32ª Bienal para 2017”, diz Terepins sobre a parceria com o Serviço Social do Comércio.

Para se ter uma ideia, 200 mil pessoas já visitaram as exposições itinerantes de 2015 – “40% do público que vem a São Paulo”, considera o presidente. Campinas tornou-se um destaque, com 35 mil espectadores e, em novembro, será a vez de Cuiabá, em Mato Grosso, receber uma seleção de obras expostas em 2014 na instituição.

Potência

Para Terepins, a internacionalização das itinerâncias da Bienal ganha mais potência na Europa do que nos EUA, por exemplo. A exibição, até 17 de janeiro de 2016, de Como (…) Coisas Que Não Existem – Uma Exposição a Partir da 31ª Bienal de São Paulo no Serralves, localizado no Porto, custou R$ 500 mil para a instituição brasileira, mas Paulo Lourenço, cônsul-geral de Portugal em São Paulo, destaca a também participação de empresas portuguesas com recursos para a mostra. “Como observador, vejo uma tendência no Brasil ao eurocentrismo”, diz Lourenço. “Faz todo o sentido dar a conhecer na Europa o que a Bienal de São Paulo já faz há anos”, completa.

A parceria entre os dois países para a apresentação da exposição no Serralves vem sendo costurada desde o ano passado, contam Terepins e Lourenço. “É um momento de redescoberta mútua que passa pela arte contemporânea”, afirma o cônsul. Na ocasião, o público português terá a oportunidade de ver trabalhos como os dos brasileiros Éder Oliveira, Armando Queiroz, Clara Ianni e Virgínia de Medeiros; dos poloneses Edward Krasinski e Wilhelm Sasnal; do libanês Walid Raad; da egípcia Anna Boghiguian; da chilena Voluspa Jarpa; da israelense Yael Bartana; e do canadense Mark Lewis. Mais ainda, o museu do Porto vai ceder a obra Zero Dollar Zero Cent (1974/1978), do brasileiro Cildo Meireles e pertencente ao seu acervo, para a mostra.

Além da exposição, serão promovidos encontros e debates no Serralves, que integram o programa da Bienal de São Paulo em Portugal. Charles Esche, curadores e críticos vão participar, no dia da inauguração da mostra, de uma mesa sobre o projeto da 31.ª edição do evento brasileiro, que dividiu opiniões no Brasil pela maneira como tratou de questões políticas. Mais ainda, ocorrerá no dia 20, no auditório da instituição portuguesa, o seminário Cidades Performáticas, realizado em parceria com o Arq. Futuro, criado pelos editores Marisa Moreira Salles e Tomas Alvim. Já para novembro está previsto o simpósio Colonialismo Inverso e em dezembro, Direito à Cidade – Criminalização dos Pobres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.