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Ópera em tom de mistério estreia no Teatro São Pedro

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Leos Janácek é um caso único na história da ópera. É assim que o define o diretor André Heller-Lopes. “Nenhuma das obras dele se parece com a outra. Sua inspiração é tão variada, que ficamos perdidos e fascinados”, diz ele, que nesta sexta, 14, estreia uma nova montagem de O Caso Makropulos, de 1925, no Teatro São Pedro, com direção musical de Ira Levin.

A dupla foi responsável, no ano passado, por uma elogiada produção de outra ópera do compositor checo, Kátia Kabanová. Levin também foi responsável pela estreia, no Brasil, em 2004, de Jenufa. E Heller estreia em Bogotá este ano, A Raposinha Astuta. “Meu plano e o do Ira, se isso interessar ao São Pedro, é trazer essa produção para cá em 2020, fechando uma trilogia.”

O Caso Makropulos, baseado na peça de mesmo nome do também checo Karel Capek, é, para o diretor, uma “história de mistério”. Em meio a uma briga judicial, surge uma mulher misteriosa que parece saber demais a respeito do passado – e o motivo para tanto, que será revelado apenas no fim da ópera, convém não contar pois, coisa rara, em alguns casos também há spoilers na ópera.

“Para mim, o centro da história é a ideia de que, sem aquilo que nos define como humanos, a vida não tem sentido. Sem amor, sofrimento, não há por que viver, perdemos aquilo que nos torna humanos, e nossa capacidade de nos relacionar com a arte”, explica Heller-Lopes.

Nessa montagem, a mulher é interpretada pela soprano Eliane Coelho, que encabeça um elenco formado ainda por Eric Herrero, Giovanni Tristacci, Mauro Wrona e Luisa Francesconi, entre outros. “Muitos artistas que estiveram na Kátia estão de volta agora e isso é interessante, fortalece os vínculos como em uma companhia”, diz Heller. “E é muito interessante ver como cantores como Eliane Coelho e Eric Herrero vão de um papel a outro.”

Janácek (1854-1828) teve uma carreira singular. Suas principais obras foram escritas na maturidade. “É interessante que, mesmo em meio a essa diversidade, há um elemento comum, seu amor por Kamila Stösslová, uma paixão mal resolvida. Quando conhecemos sua correspondência, vemos que no fundo ela é a mulher adúltera em Kátia, a mulher gélida no Caso, a raposinha”, explica o diretor, que por conta disso buscou uma unidade entre as montagens. “As pranchas de madeira, por exemplo, reaparecem, assim como a floresta que, aqui, surge como uma foto antiga.”

O CASO MAKROPULOS

Teatro São Pedro. R. Albuquerque Lins, 207; 3667-0499. 6ª (14), 4ª (19) e 6ª (21), 20h; dom. (16 e 23), 17h. R$ 30 a R$ 80

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.