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Osesp faz turnê por cidades do interior

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São Paulo – A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo abre sua temporada oficial apenas em março. Mas seus músicos já estão de volta ao palco, para a gravação da Sinfonia nº 8 de Villa-Lobos. O disco faz parte de um projeto que prevê o registro das 11 sinfonias do compositor (ele escreveu 12, mas a quinta se perdeu). Já foram lançadas até agora, pelo selo Naxos, as de nº 3, 4, 6, 7 e 10. Mas, desta vez, antes de entrar em estúdio, o grupo faz uma pequena turnê pelo interior do Estado, em que vai interpretar a peça ao lado da suíte O Pássaro de Fogo, de Stravinski.

A orquestra vai passar por Paulínia (quarta, 4), Salto (sexta, 6), Guarulhos (sábado, 7) e Pirassununga (domingo, 8), antes de voltar à Sala São Paulo, onde apresenta o mesmo programa nos dias 12 e 13. “Interpretar a sinfonia algumas vezes antes de gravá-la nos pareceu interessante, pois é preciso lembrar que estamos trabalhando com uma nova edição da partitura a cada disco”, explicou no final do ano passado o maestro Isaac Karabtchevsky, que comanda a orquestra no projeto Villa-Lobos.

Spalla da Osesp, o violinista Emmanuele Baldini explica o desafio colocado aos músicos. “Villa-Lobos não era uma pessoa organizada, detalhista. Escrevia em contextos dos mais inusitados e isso resultou no fato de que, em muitas primeiras edições de suas peças, existem erros óbvios (e até hoje as peças são tocadas assim) e que ninguém até agora teve a coragem de corrigir”, diz. “O trabalho que o Centro de Documentação da Osesp está fazendo, junto ao maestro Karabtchevsky, é uma análise minuciosa de cada uma das partes dos instrumentos da orquestra, para verificar erros e incoerências. Quando começam os ensaios, já com as edições novas, ainda se encontram diversos erros que são corrigidos de um dia para o outro, assim que, depois da gravação, podemos dizer que temos de uma sinfonia a edição mais fiel ao pensamento de Villa-Lobos que já existiu. Claro que isso leva tempo e, às vezes, os ensaios precisam ser interrompidos pois não conseguimos logo achar o erro, mesmo ouvindo que algo não parece certo. Mas o resultado final é uma recompensa mais do que suficiente para tanto trabalho.”

Não se trata, no entanto, apenas de enfrentar os erros da partitura – mas, também, de lidar com a quantidade de informações musicais propostas pelo compositor. “Como nos quartetos e nas sonatas para violino, também na música sinfônica uma primeira leitura pode assustar, tantas são as informações. Ter a paciência de começar a achar caminhos no meio desta floresta de sons leva a uma compreensão dos diversos planos sonoros, das prioridades, das ideias que de repente aparecem em toda sua genialidade. É isso que tentamos fazer, incansavelmente, para evitar a qualquer custo realizar apenas mais uma execução qualquer de Villa-Lobos. Afinal, são peça cheias de imaginação, de sonhos, cheiros, cores, atmosferas e precisamos materializar esses elementos por meio da música.”

A Sinfonia nº 8 estreou em 1955, no Carnegie Hall, em Nova York, interpretada pela Orquestra de Filadélfia regida pelo próprio compositor. Para Baldini, é uma sinfonia “inspirada”. “Ela não é uma das mais ousadas no que diz respeito a inovações e formatos. Mas nela reconhecemos Villa-Lobos desde os primeiros compassos, é uma obra inspirada, com momentos de puro encantamento que, se tocados da maneira correta, podem levar o ouvinte a se abstrair da realidade e viajar para um mundo fantástico. Para que isso fique claro, no entanto, é preciso um trabalho interpretativo muito árduo, sem contar a habitual dificuldade técnica que todas as sinfonias requerem. Por isso também tocaremos ela em quatro apresentações, para chegarmos à gravação com a obra desvendada de qualquer dúvida musical ou técnica.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.