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Peça "Sit Down Drama" discute os limites do humor

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São Paulo – Nesta semana, a dramaturga Michelle Ferreira põe no palco uma questão que a incomoda há pelo menos seis anos. É que foi em 2008 que ela escreveu Sit Down Drama, peça que estreia nesta sexta-feira, 27, no Teatro Anchieta, do Sesc Consolação, sob a direção de Eric Lenate. Sua insatisfação era com a cultura do politicamente correto, que, naquela época, já tinha certa patrulha.

“Existem coisas que precisam ser ditas para que entendamos o nível em que estamos como sociedade”, diz. “Senão, é só disfarce, porque o preconceito continua existindo.”

Para tratar do tema, Michelle criou o humorista Alves De, que vai ao palco na pele do ator Danilo Grangheia. Famoso no Brasil e recém-chegado de uma temporada na Noruega, ele faz uma esquete polêmica na televisão. A piada – que, em vez de contada, é apenas sugerida na peça – não é bem recebida pelo público e, a partir daí, Alves De entra numa crise sobre o seu trabalho e a função do humor.

Apesar de o caso ter exemplos por aqui, Grangheia não pensou em nenhum humorista específico para construir o personagem. “A ideia é expor a crise, mas sem referência a humoristas conhecidos, senão parece que eu estou defendendo alguém e não é o caso”, diz, revelando que, de alguma forma, alguns profissionais admirados por ele estão ali, como Chico Anysio (1931-2012) e o nova-iorquino Andy Kaufman (1949-1984). “Ele tinha uma loucura santa, era um figura deslocada. Seu lado humorista é uma extensão do que ele realmente era.”

Outros 11 atores integram o elenco. Entre eles, Caco Ciocler, Chris Couto e Noemi Marinho. Enquanto Ciocler interpreta um amigo de Alves De que faz um contraponto às opiniões do protagonista por não entender sua crise, a personagem de Chris faz uma crítica feroz à mídia. Ela vive uma jornalista que, sabendo o que ocorre na vida do humorista, explora o fato ao máximo para ver subir sua audiência. Já Noemi, faz o papel da mãe de Alves De e dá voz às reclamações da dramaturga, como na cena em que mostra não entender o motivo de ter de dizer “deficiente visual” em vez de “cega”.

A cenografia faz uso constante de um telão que, quando não serve de mero cenário (exibindo imagens de prédios de São Paulo), passa cenas essenciais à peça, gravadas previamente. Nestas horas, a tela vai à frente do palco, quase tomando sua totalidade, dando a sensação de cinema à plateia. “O uso do vídeo é uma maneira de ampliar detalhes da vida real que passam despercebidos”, explica o diretor. “Há uma hora, por exemplo, em que simulamos uma TV sendo zapeada, um caleidoscópio esquizofrênico de imagens. Quando o espectador completa o sentido disso, é quase uma mensagem subliminar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.