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Peça 'Terra de Ninguém' estreia no Sesc Vila Mariana

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São Paulo – Em 2005, quando anunciou o dramaturgo inglês Harold Pinter como vencedor do prêmio Nobel de literatura, a Academia Sueca justificou em poucas linhas: “Pela sua obra, descobre-se o precipício que há por trás do balbuciar cotidiano. Seus textos entram nos espaços fechados da opressão”. As mesmas frases podem indicar o caminho de “Terra de Ninguém”, peça que ele escreveu em 1975 e que continua atual, como comprova a montagem que estreia nesta sexta-feira, 19, à noite, no Sesc Vila Mariana.

Um dos mais destacados representantes da chamada geração Angry Young Men (Jovens Irados), na qual se enquadravam também John Osborne e Arnold Wesker, Pinter (1930-2008) produziu uma obra marcada pela preocupação com a relação de poder entre o verdugo e a vítima, o torturador e o torturado, o senhor e o seu escravo.

“Ele inventou procedimentos então inexistentes de teatro com sua escrita”, constata Roberto Alvim, diretor de “Terra de Ninguém” e um dos maiores conhecedores da obra do dramaturgo inglês. “Pinter é um autor perturbador desde sua origem.”

Fluente no que se convencionou chamar em teatro de linguagem pinteresca, Alvim foi premiado em 2009 com sua versão de “O Quarto”, primeiro texto para o palco de Pinter (escrito em apenas quatro dias de 1957), no qual estão presentes alguns dos elementos básicos de sua estética: a ameaça, enquanto impulso da ação cênica, e o quarto, enquanto palco, onde o teatro intimista burguês sofre uma fulminante invasão.

“Terra de Ninguém” acompanha a trajetória de Hirst, um homem rico (Edwin Luisi), que, durante um passeio pela rua, encontra o pobre Spooner (Luis Melo) e o convida para a sua casa. Lá, enquanto bebem, iniciam um poderoso e torturante jogo de poder. Logo entram em cena Foster (Caco Ciocler) e Briggs (Pedro Henrique Moutinho), dois jovens dispostos a proteger Hirst, tornando a história mais perigosa e paranoica.

Aos poucos, a sanidade e o realismo em cena cedem espaço ao delírio, fazendo com que o público não enxergue mais as barreiras entre vida e morte, sonho e realidade. Os próprios personagens perdem suas identidades e as reconstroem obsessivamente, configurando o palco como uma zona de instabilidade: tensa, inquietante, perturbadora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

TERRA DE NINGUÉM

Teatro do Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel. (011) 5080-3000. 6ª e sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 15/ R$ 50. Até 26/10.