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Pianista Martha Argerich lança disco triplo

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São Paulo – Aos 72 anos, a grande dama do piano clássico mundial continua realizando, como faz há treze anos, seus sonhos artísticos e pessoais. A pianista argentina Martha Argerich, que há tempos desgostou em definitivo da fórmula do recital de piano, faz da música de câmara seu gênero preferido. E da amizade com outros músicos a pedra de toque deste festival diferenciado, que não tem medo de cultuar a essência do pianismo, um DNA específico que combina obras ambiciosas e densas com o gosto pelas extravagâncias virtuosísticas. Costuma convidar para o Festival de Lugano foras-de-série como Mischa Maisky e os irmãos Capuçon; músicos aos quais sempre deu força, como a venezuelana Gabriela Montero; e, mais recentemente, até sua família, como a filha Lyda Chen, que toca viola.

A EMI Classics está lançando, em álbum triplo e também em download (3 horas de música por US$ 12,99 no iTunes), uma amostra expressiva do que de melhor rolou no festival do ano passado. Martha, por exemplo, sola o primeiro concerto de Beethoven com a orquestra local, uma versão que tem de bom mesmo só o seu pianismo; sai-se melhor tocando a quatro mãos a Petite Suite de Debussy com a romena Cristina Marton. Todo o seu ímpeto e força, porém, sobressaem mesmo na leitura apaixonada da Sonata nº 2 para violoncelo e piano de Beethoven, em que ela contracena com o igualmente sanguíneo Mischa Maisky.

Duos

Mas há outras gemas imperdíveis. Por exemplo, a leitura empolgante que Renaud Capuçon e Francesco Piemontesi fazem da pouco tocada porém ótima sonata para violino e piano em si menor de Ottorino Respighi, composta logo após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Ou então a sonata póstuma para violino e piano de Ravel por Andrey Baranov e Jura Margulis. Na verdade, uma agradável obra da juventude de Ravel, de 1897, só publicada quase um século depois, em 1975. A grande performance do álbum, entretanto, está na interação perfeita entre o violoncelo de Gauthier Capuçon e o piano de Gabriela Montero na primeira das duas sonatas de Shostakovich, de 1934.

Versões

Como todo álbum de Lugano, este também explora o lado mais divertido e mirabolante do pianismo, com bizarras versões e arranjos para dois, três ou mais pianos de obras muito conhecidas. Carlo Maria Griguoli fez uma transcrição para três pianos da conhecidíssima La Gaîté Parisienne de Offenbach e a interpreta, ao lado de Giorgia Tomassi e Alessandro Stradella.

O grand finale burlesco é uma enorme e descontraída confraternização de Martha com praticamente toda a trupe do festival de 2013 juntando-se para fazer uma divertidíssima leitura do humor corrosivo que só um maravilhoso insider da música como Saint-Saëns poderia fazer – e fez – em seu Carnaval dos Animais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.