Entretenimento e Cultura

Première Brasil decola com filmes que celebram força das mulheres

Première Brasil decola com filmes que celebram força das mulheres Première Brasil decola com filmes que celebram força das mulheres Première Brasil decola com filmes que celebram força das mulheres Première Brasil decola com filmes que celebram força das mulheres

Iniciada na terça à noite, fora de concurso, com Piedade, o longa de Cláudio Assis com Fernanda Montenegro, a Première Brasil exibiu naquela mesma noite o primeiro filme da competição do Festival do Rio. Macabro, de Marcos Prado, foi seguido na quarta por Anna, de Heitor Dhalia. Mesmo abrindo mão do ineditismo, a Première segue sendo a grande vitrine do cinema brasileiro. E começou muito bem, com filmes completamente diferentes, mas que dialogam muito bem entre si, graças a uma curadoria acurada.

Macabro baseia-se numa história real, ocorrida nos anos 1990. O roteiro de Lucas Paraizo agrega elementos de outra história, mas essa é tão banal que se repete diariamente nas grandes cidades brasileiras. Uma operação do Bope na favela do Rio, o sargento responsável suspeita de um movimento e termina matando um trabalhador negro. Todo dia essas histórias enchem o noticiário da imprensa, nem viram mais manchetes. Para aliviar a barra, o sargento é enviado à frente de um pequeno grupo à serra do Rio para caçar dois irmãos, negros e fugitivos, que estão barbarizando na região. Estupram e assassinam mulheres.

O sargento é da área. Tem toda uma história passada. Conflitos familiares, ex-namorada. Percebe que a caçada está errada. Os crimes são cometidos por apenas um dos irmãos, e eles, desde crianças, sofreram com o racismo da comunidade. Em conversa com o repórter, o diretor Prado contou que o filme nasceu do seu encontro com a paisagem. Sua irmã tem casa na região serrana de Nova Friburgo, ele achava o local impressionante e aí descobriu as histórias. A caçada aos irmãos e o que pode ter sido a origem de tudo. Lá atrás, colonos suíços estabeleceram-se naqueles montes em que havia uma comunidade quilombola. Os negros foram sendo dizimados, à medida que as terras passavam para as mãos dos colonos brancos e europeus.

Um retrato do Brasil do ódio? Sem dúvida, e o policial do Bope não está ali para se regenerar. Revela-se, no limite, um anti-herói. Apesar do título, que promete terror, é thriller, e dos bons. Cinema popular, muito bem interpretado – por Renato Góes, desde logo candidato ao Redentor. Anna é outra coisa.

Cinema de arte

Um diretor de teatro que quer montar Hamlet e busca sua Ofélia. Como anti-herói da cultura, o artista obsessivo quase destrói a garota. Heitor Dhalia fez um de seus melhores filmes. A jovem atriz, Bela Lindecker, é tão boa quanto Góes. Nos dois filmes, se existe uma saída para o universo violento e dominador dos homens, está na força das mulheres.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.