Entretenimento e Cultura

'Prêmios não são matemáticos', comenta Kleber Mendonça Filho

‘Prêmios não são matemáticos’, comenta Kleber Mendonça Filho ‘Prêmios não são matemáticos’, comenta Kleber Mendonça Filho ‘Prêmios não são matemáticos’, comenta Kleber Mendonça Filho ‘Prêmios não são matemáticos’, comenta Kleber Mendonça Filho

São Paulo – Havia genuína expectativa pela premiação de Aquarius. O longa de Kleber Mendonça Filho foi longamente aplaudido na sessão de gala. Teve ótimas críticas. Pelo Facebook, o cineasta agradeceu ter participado do festival. “Prêmios não são matemáticos, por mais que a imprensa, a crítica e cinéfilos defendam seus filmes amados”, disse.

Se serve de consolo, Aquarius não ganhou nada – mas também não ganharam filmes considerados grandes, e que arrebentaram nos quadros de cotações – Elle, que o holandês Paul Verhoeven realizou na França; o deslumbrante Paterson, de Jim Jarmusch; e o mais polêmico Toni Erdmann, de Maren Ade. Mas a decepção brasileira precisa ser relativizada.

O Ouro do Brasil veio de forma inesperada, de onde não se esperava. Assim como tem a Palma de Ouro e a Caméra d’Or, para o melhor filme de diretor(a) estreante, Cannes instituiu, no passado, o L’Oeil d’Or, Olho de Ouro, para o melhor documentário. Concorrem obras do gênero espalhadas por diferentes seções. O vencedor da categoria foi um filme brasileiro – Cinema Novo, de Eryk Rocha, apresentado em Cannes Classics. Cinema Novo não é exatamente um filme sobre o movimento que revolucionou o cinema brasileiro nos anos 1960. É muito mais sobre uma geração de autores apaixonados, entre eles o mítico Glauber, pai do diretor, e Gustavo Dahl, pai do produtor. Queriam, e não era pouco, mudar o cinema e o mundo.

Tal pai tal filho, dirá o cinéfilo, e é difícil resistir à fórmula. Nos anos 1960 e 70, Glauber ganhou aqui mesmo em Cannes o prêmio de direção por O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro e a Palma de Ouro do curta por Di. Seu filho ganha agora o Olho de Ouro. Em sua justificativa, o júri presidido pelo cineasta Gianfranco Rosi – de Fogo no Mar – e integrado pelo criador do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, Amir Labaki, afirma: “Cinema Novo é um filme manifesto sobre a pertinência, ainda hoje, de um movimento cinematográfico quase esquecido dos anos 1960, o Cinema Novo brasileiro. É um ensaio impressionista ambicioso de um novo gênero. Lembra-nos de um outro gênero que não o cinema atual. E lembra-nos também que o cinema pode ser político e sensual, poético e engajado, formal e narrativo, ficcional e documentário”. O filme será distribuído no Brasil pela Vitrine, de Sílvia Cruz. “Vamos ver se conseguimos acelerar o lançamento para aproveitar a boa reação em Cannes”, anuncia o diretor.

Cinema Novo não foi o único brasileiro premiado em Cannes. O curta A Moça Que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda, recebeu uma menção honrosa do júri da categoria.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.