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Renomado baterista celebra seu aniversário com shows em SP

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São Paulo – Há 62 anos manejando suas baquetas com maestria, o baterista carioca Wilson das Neves completa 80 anos de vida no próximo dia 14, mas já comemora a data por antecipação no palco do teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, desta sexta-feira, 10, a domingo, 12. O momento festivo conta também com ilustres convidados. Nesta sexta, seu show terá participações especiais de Elza Soares e Luiz Melodia. No sábado, será a vez do parceiro de música Paulo César Pinheiro e da cantora e pianista Maíra Freitas e, no domingo, o rapper Emicida e o músico Cláudio Jorge marcam presença na apresentação. Como diria o próprio Das Neves, ‘Ô sorte’!. Esse bordão, aliás, é digno de nota: usado pelo baterista com frequência em suas falas, sempre em tom de alegria e exaltação, ele já virou sua marca registrada nos bastidores da MPB.

Nos três dias de shows, será vendido no Sesc o livro Ô Sorte! Memórias de Um Imperador, uma breve biografia de Wilson das Neves, de autoria de Guilherme Almeida, lançado pela editora Multifoco (leia mais abaixo). Para o palco, Das Neves diz que vai levar o repertório de seus quatro discos, nos quais também é intérprete – O Som Sagrado de Wilson das Neves (1996), Brasão de Orfeu (2004), Pra Gente Fazer Mais Um Samba (2010) e Se Me Chamar, Ô Sorte (2013) -, além de sete canções inéditas. Compositor compulsivo, ele já tem centenas de canções em seu baú. “Só com o Paulo César Pinheiro, são quase 80 músicas”, revela o músico, em entrevista ao Estado, por telefone, ainda do Rio – ele chegou a São Paulo nesta quinta, 9. “Faço melodia. Não sou poeta. Se não tivesse parceiros, não teria letra. Eles são importantes.”

No show, há também os já mencionados encontros. Nesta sexta, o momento com Luiz Melodia terá Mestre Marçal. Já com a ‘comadre’ Elza Soares, que é madrinha de um de seus filhos, a música ainda será definida. “Ela é quem vai dizer o que vamos cantar, deixo ela escolher. Elza é a maior sambista do mundo”, elogia o baterista. Os dois gravaram juntos o referencial LP Elza Soares – Baterista: Wilson das Neves, de 1968.

Paulo César Pinheiro estará com amigo no sábado. Juntos, farão duas parcerias deles: Som Sagrado – que, segundo Beth Carvalho já definiu, fala tudo aquilo que todo sambista sente – e Partido do Tempo (“essa é a primeira que fizemos juntos, lembra Das Neves”). No mesmo dia, a cantora e pianista Maíra Freitas, filha de Martinho da Vila, participa de Estava Faltando Você. No domingo, ele receberá outros dois convidados: Emicida, para cantar Se Me Chamar, Ô Sorte, de seu mais recente álbum – os dois já fizeram shows juntos e Das Neves fez participação especial na música Trepadeira, no disco do rapper, O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui – e Cláudio Jorge, com o qual fará Traz Um Presente Pra Mim, parcerias dos dois.

“Falaram para eu convidar meus parceiros e chamei os mais chegados.” Segundo o músico, se o Chico Buarque estivesse no Brasil, também participaria, mas ele está na França, para comemorar o aniversário, no dia 19. “Ele está compondo.” E previsão de Chico voltar a fazer disco e shows? “Quando ele quiser”, responde Das Neves. Os shows em São Paulo serão registrados e devem render CD e DVD ao vivo, ainda sem previsão de lançamento.

Trajetória

Wilson das Neves, por vezes, é descrito pela alcunha de ‘baterista de Chico Buarque’, por fazer parte da banda do compositor há mais de 30 anos. Um dado reducionista para a nobre biografia do baterista. Das Neves é, sim, baterista de Chico, a quem costuma chamar carinhosamente de “chefia”, mas sua carreira é muito mais ampla. E autônoma. Ele já gravou com mais de 750 artistas e acompanhou mais de 100, incluindo Ney Matogrosso, Elizeth Cardoso, Elza Soares e até Sean Lennon, filho de John Lennon.

Criado no bairro de São Cristóvão, Das Neves cresceu ouvindo a trilha sonora das festas na casa da tia e também o tambor tocando no candomblé. Mas o músico só conseguiu bancar seus estudos de bateria aos 18 anos, quando passou a servir no Exército e ganhar o próprio dinheiro. Tempos depois de dar baixa no quartel, já estava trabalhando no ofício. Já o exercício de seu lado de compositor e cantor veio mais tarde. Só em 1973, começou a compor. E, em 1996, após anos tocando para outros artistas, recebeu convite para gravar suas composições. Lançou, então, o primeiro álbum solo, O Som Sagrado de Wilson das Neves. Vieram depois outros três discos. Ao falar de seus 80 anos, Das Neves diz que ainda tem muita coisa para aprender. “Continuo estudando e aprendendo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.